Representação de Refugiados nos Media Portugueses: Um olhar sobre requerentes de asilo ucranianos, do Norte de África e Médio Oriente

Abstract

Information is fundamental for life in democratic societies, means freedom and choice. The media plays an important role in communicating with and for community, and therefore, in shaping public opinion. That is an interdepend dynamic in which citizens are taken into consideration when selecting topics to be addressed.The arrival in large-scale of refugees from North African and the Middle East in 2015 aroused the most different reactions in Europe and Portugal, which were reflected in media. Nowadays, asylum seekers from these countries are still a topic in the community and in journalism. In 2022 a new war began in the world, but this time closer to us. Inside Europe, thousands of Ukrainian refugees were now fleeing the conflict in their country, heading towards Western countries. The event stimulated community and media interest. We know that far right populisms propagate radical speeches that feed fear of the “other” and, for that reason, have harmful effects in the reception and integration of asylum seekers, however they are still present in society and in the mainstream media. This investigation takes these events and compares the differences in the media’s treatment of Ukrainian refugees and refugees from North Africa and the Middle East. For that, we collected a sample of all articles who address both, in the newspapers Público and Correio da Manhã between October 15, 2022 and October 15, 2023. The dates were chosen in order to keep some months of war in Ukraine and have a better representation in our analysis. One of the most relevant results in our study is the fact that there are more articles about North African and Middle Eastern refugees, but these being the only ones that present negative themes.

A informação é um pilar fundamental para a vida nas sociedades democráticas, sinónimo de liberdade e de escolha. Os meios de comunicação social desempenham um importante papel na comunicação com e para a comunidade e, por conseguinte, na formação da opinião pública. Esta é uma dinâmica interdependente em que os cidadãos são levados em consideração aquando da seleção de temáticas a serem selecionadas, tratadas e difundidas.A chegada, em grande escala, de refugiados provenientes do Norte de África e Médio Oriente, no ano de 2015, despertou as reações mais díspares, em Portugal e no resto da Europa, que se refletiram, por sua vez, nos mass media. Nos dias atuais, os requerentes de asilo originários destes países continuam a ser tópico na comunidade e no jornalismo. No ano de 2022 uma nova guerra espoletou no mundo, mas desta vez mais perto de nós. Dentro da Europa fugiam, agora, do conflito no seu país milhares de refugiados ucranianos, rumo aos países ocidentais. O caso despertou, naturalmente, o interesse da comunidade e da comunicação social.Sabemos que os populismos de direita radical propagam discursos que alimentam o medo do “outro” e, por esse motivo, são prejudiciais ao acolhimento e integração de requerentes de asilo, porém, ainda assim, estão presentes na sociedade e nos meios de comunicação mainstream. A presente investigação toma estes acontecimentos e compara as diferenças no tratamento, por parte dos meios de comunicação, a refugiados ucranianos e a refugiados oriundos do Norte de África e Médio Oriente. Para isso, recolhemos uma amostragem de todos os artigos que tratam de ambos, nos jornais Público e Correio da Manhã, no período compreendido entre 15 de outubro de 2022 e 15 de outubro de 2023. As datas foram escolhidas de forma a afastarem-se alguns meses da guerra na Ucrânia, no sentido de abrimos espaço para uma maior representatividade na nossa análise. Um dos resultados com maior relevância no nosso estudo é o facto de existirem mais artigos acerca de refugiados norte-africanos e médio-orientais, mas estes serem os únicos que apresentam temáticas de tom negativo.