A oposição política ao Estado Novo no Arquipélago da Madeira. Os períodos eleitorais e a ação do jornal Comércio do Funchal (1945-1974)

Abstract

Esta dissertação analisa o protesto político de oposição democrática ao Estado Novo no Arquipélago da Madeira, tendo em consideração o período compreendido entre 1945 e 1974. Neste âmbito dá-se particular atenção aos períodos eleitorais , momentos em que existiu um maior relaxamento do aparelho repressivo do regime, permitindo uma certa visibilidade à atuação da oposição insular. Deste modo, procura-se compreender a especificidade da oposição madeirense, bem como a sua autonomia de ação, principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Se num primeiro tempo existe uma oposição tímida, sem grande atividade aparente, após as eleições legislativas de 1945 essa realidade vai se alterando progressivamente. Observa-se contudo uma oposição muito centrada em certas figuras de maior relevo, nomeadamente de João de Brito Câmara e Manuel Gregório Pestana Júnior. Com a liderança destas duas figuras, a oposição madeirense esteve associada à dinâmica do MUD, participou nas campanhas presidenciais do General Norton de Matos, em 1949, e do General Humberto Delgado, em 1958, tendo ainda apresentado candidatos pelo círculo eleitoral do Funchal, nas eleições legislativas de 1961. Na década de 1960 dá-se, porém, uma mudança geracional dentro da oposição, com a ascensão de um grupo de oposicionistas mais jovem, que participaram nas eleições Legislativas de 1969. Sobressaem aqui as figuras de Vicente Jorge Silva, José Manuel Barroso, António Loja e Fernando Rebelo. Por fim, analisa-se a atividade jornalística do "Comércio do Funchal", um periódico “refundado” em 1966/1967 por um grupo de jovens oposicionistas, liderado por Vicente Jorge Silva. O "Comércio do Funchal" terá uma posição crítica em relação ao regime, defenderá a autonomia regional, inserida num regime democrático, e estará ao lado da Comissão Eleitoral Democrática da Madeira nas eleições Legislativas de 1969.

This dissertation analyses the political protest of democratic opposition to the Estado Novo regime in the Archipelago of Madeira, taking into consideration the time period between 1945 and 1974. Within this scope, there’s particular emphasis given to the electoral periods, when there were moments or relaxation of the repressive measures of the regime, allowing for a certain visibility to the insular resistance’s actions. Thus, it attempts to understand the specificity of the resistance of Madeira, as well as its action autonomy, especially in the decades of 1960 and 1970. If at first there’s light opposition, without noticeable action, after the parliamentary elections of 1945 that reality starts progressively shifting. However, the resistance is mostly centred in certain relevant people, namely João de Brito Câmara and Manuel Gregório Pestana Júnior. With the leadership of these two figures, the madeiran political opposition was associated to the MUD dynamic, participated in the presidential campaigns of General Norton de Matos in 1949, and of General Humberto Delgado in 1958, having also introduced candidates from the electoral circle of Funchal in the parliamentary elections of 1969, where figures like Vicente Jorge Silva, José Manuel Barroso, António Loja and Fernando Rebelo stand out. Lastly, the press activity of "Comércio do Funchal", a newspaper “refounded” in 1966/1967 by a group of young oppositionists led by Vicente Jorge Silva, is analysed. "Comércio do Funchal" will hold a critical stance to the regime, it will support the regional autonomy inserted in a democratic regime, and will stand alongside the Democratic Electoral Commission of Madeira in the parliamentary elections on 1969.