Relatório de Estágio e Monografia intitulada “Dieta Cetogénica como Terapêutica Não Farmacológica na Epilepsia”

Abstract

Com o término de um ciclo de estudos, o estágio curricular é o passaporte de entrada para o mundo profissional. Através da realização do estágio curricular em farmácia comunitária, o futuro farmacêutico começa a ter uma perceção do quanto o farmacêutico é um profissional indispensável na comunidade, sendo este muita das vezes o primeiro a ter contacto com o problema do utente. A realização do relatório de estágio permitiu-me elaborar uma análise crítica da realização do estágio curricular em farmácia comunitária, expondo o meu percurso através de uma análise SWOT. No presente documento, abordarei o tema da dieta cetogénica como tratamento não farmacológico na epilepsia. Este tratamento, é comumente usado nas últimas décadas, para o tratamento da epilepsia refratária, principalmente na população pediátrica. A dieta cetogénica é utilizada há mais de 100 anos, é uma dieta rica em gordura, pobre em hidratos de carbono e com proteína suficiente, que surgiu na década de 1920, quando ocorreu a necessidade de uma dieta que simulasse o jejum pois, desde a época de Hipócrates que, períodos prolongados de jejum eram utilizados no tratamento da epilepsia. A epilepsia é uma doença neurológica complexa, caracterizada por uma hiperexcitabilidade neuronal e por descargas elétricas anormais, que se podem manifestar como convulsões. Com o surgimento dos primeiros antiepilépticos a dieta cetogénica ficou esquecida. Cerca de 30% dos doentes apresenta resistência a antiepilépticos, tendo de recorrer ao tratamento através da cirurgia ou através da dieta cetogénica. Existem muitas hipóteses que procuram explicar os mecanismos moleculares subjacentes à ação da dieta cetogénica, mas com o avançar dos estudos clínicos torna-se mais evidente, de que a dieta cetogénica provavelmente funcione através de um conjunto de mecanismos de ação. O que não é surpreendente, dada a complexidade do cérebro. Nesta revisão, abordarei o que é a dieta cetogénica e como ela surgiu, que mecanismos possam demonstrar a sua ação na epilepsia, qual a duração adequada para a prática da dieta e, consequentemente os efeitos colaterais e se a sua utilização favorável se sobrepõe aos contras da prática da dieta cetogénica.

With the end of a cycle of studies, the curricular internship is the passport to enter to the professional world. Through the curricular internship in community pharmacy, the future pharmacist begins to have a perception of how the pharmacist is an indispensable professional in the community, often being the first to have contact with the patient's problem. The completion of the internship report allowed me to elaborate a critical analysis of the curricular internship in community pharmacy, exposing my path through a SWOT analysis. In this document, I will address the topic of the ketogenic diet as a non-pharmacological treatment in epilepsy. This treatment is commonly used in recent decades for the treatment of refractory epilepsy, especially in the pediatric population.The ketogenic diet has been used for over 100 years, it is a diet high in fat, low in carbohydrates and with sufficient protein, which emerged in the 1920s, when there was a need for a diet that simulated fasting because, since time of Hippocrates that, prolonged periods of fasting were used in the treatment of epilepsy. Epilepsy is a complex neurological disease characterized by neuronal hyperexcitability and abnormal electrical discharges, which can manifest as seizures. With the advent of the first antiepileptics, the ketogenic diet was forgotten, but with the emergence of resistance to antiepileptics, around 30% of patients resorted to treatment through surgery or through the ketogenic diet.At present, there are many hypotheses that attempt to explain the molecular mechanisms through which a ketogenic diet acts, but with advancing clinical studies it is becoming more evident that the ketogenic diet probably works through a set of mechanisms of action. Not surprising, given the brain's complexity. In this review, I will discuss what the ketogenic diet is and how it came about, what mechanisms can demonstrate its action in epilepsy, what is the adequate duration for the practice of the diet and, consequently, the side effects and whether its favorable use outweighs the cons of the practice of the ketogenic diet.