Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/94390
Título: A página como possibilidade: Patrícia Portela, Joana Bértholo e Afonso Cruz
Autor: Escourido, Sofia Madalena Gonçalves
Orientador: Portela, Manuel
Palavras-chave: Literatura portuguesa; página impressa; narrativas híbridas; metaficcionalidade; Portuguese literature; typographic page; hybrid narratives; metaficcionality
Data: 11-Set-2020
Local de edição ou do evento: Coimbra
Resumo: Explorando a significação da narrativa ficcional híbrida e as suas possibilidades na página impressa, este trabalho de investigação tem o seu foco nas obras de Patrícia Portela, Joana Bértholo e Afonso Cruz. Nas formas narrativas que aqui se analisam – genericamente etiquetadas como híbridas, porque portadoras de elementos multimodais na sua composição –, os exemplos mais significativos serão aquelas páginas que possuem uma dimensão performativa e experimental e uma estética visual. Combinando, transformando e subvertendo as convenções de género literário a cada materialização, promovem ainda uma reflexão sobre a presença do livro e a sua manipulação do ponto de vista da expressividade literária. Tomando a página como unidade significante, Patrícia Portela distinguir-se-á pela performatividade dos seus objectos literários. Todas as tensões e gestos que na página têm lugar fazem da sua obra não só laboratório de linguagem e de formas expressivas, mas também espaço de reflexão sobre esse exercício ficcional que é conseguir contar uma história tendo só páginas de papel. Na obra de Joana Bértholo, a plasticidade das páginas, a autoconsciência dos dispositivos narrativos e dos seus lugares e funções no acto de narrar, que exigem do leitor diferentes estados de imersão, convidam a um mergulho conceptual em que cada página pretende ser uma experiência não só de leitura mas sobre a leitura. O encadeamento narrativo harmonioso e equilibrado na obra de Afonso Cruz – ainda que materializado por meio de dispositivos tipográficos ou visuais – suaviza o experimentalismo e acentua a narrativa, como se, mais importante que as possibilidades da página, fosse deixar as suas páginas deambularem, quais habitantes de uma biblioteca tão diversa. Se o livro impresso se mostra há séculos disponível para acolher uma multiplicidade de sequências narrativas, a renovada plasticidade do espaço tipográfico da página impressa – preconizado por estes e outros autores contemporâneos, em diversas geografias – decorre também das tecnologias e ferramentas digitais, que alargaram as possibilidades de manipulação tipográfica e de hibridação de texto e imagem, havendo um fluxo da pulsão digital que se inscreve nesse meio analógico que é o livro, que modifica e que expande significativamente os ambientes e dispositivos. Mas, muito mais que uma superfície de apoio para um uso pragmático e expressivo da linguagem, sugere-se que o recurso à página tipográfica como dispositivo ficcional constitui uma prática literária com efeitos narrativos singulares.
By exploring the significance of hybrid fictional narratives and its possibilities on the printed page, this research focuses on a body of fictional works by Patrícia Portela, Joana Bértholo and Afonso Cruz. In the narrative forms analyzed within — generically labeled as hybrid, because they explore multimodal elements —, the most significant examples will be those pages that demonstrate a performative and experimental dimension, as well as a visual aesthetic. Combining, transforming and subverting the conventions of literary genre on each materialization, they foster reflections on the presence of the book and its manipulation from the point of view of literary expressiveness. By looking at the page as a significant unit, Patrícia Portela’s work stands out for the performativity of her literary objects. Every tension and gesture that happen on the page make her work not just a laboratory of language and expressive forms, but also a space of reflection on the fictional exercise of telling a story using only paper pages. In Joana Bértholo’s oeuvre, the plasticity of language, the self-consciousness of the narrative devices and their places and functions in the narrative act, which demand different stages of immersion from the reader, result in a conceptual deep dive in which every page becomes an experience not just of reading, but about the act of reading. The harmonious and balanced narrative cadence of Afonso Cruz’s oeuvre — although often conveyed through visual or typographic devices — softens the experimentalism and heightens the narration, as if to let the pages resonate, like inhabitants of a diverse library, were more important than the possibilities of the page itself. While the printed book has freely hosted a multiplicity of narrative sequences for centuries, the renewed plasticity of the typographic space in the printed page — explored and practiced by these and other contemporary authors of other geographical areas and literatures — is also a result of digital tools, which have broadened the possibilities for typographic manipulation and text and picture hybridization. There is a digitally enhanced production flow that inscribes itself in the analog medium of the printed book, expanding its narrative devices and environments. However, one can suggest that, much more than a mere surface for a pragmatic and expressive use of language, the uses of the typographic page as a fictional device have significant and unique narrative effects, which is in evident expansion.
Descrição: Tese no âmbito do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/94390
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Teses de Doutoramento
FLUC Secção de Português - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Mostrar registo em formato completo

Visualizações de página 50

634
Visto em 16/abr/2024

Downloads

812
Visto em 16/abr/2024

Google ScholarTM

Verificar


Este registo está protegido por Licença Creative Commons Creative Commons