Tempo e Crise - Reflexões sobre a concepção de tempo histórico em Reinhart Koselleck

Abstract

Esta dissertação tem como objetivo estudar a relação entre a concepção de tempo histórico em Reinhart Koselleck e o conceito de crise. Analisamos os textos do autor de um ponto de vista da história dos conceitos e interpretamos a crise como uma derivação do tempo histórico.A dissertação está dividida em duas partes, cada uma constituída por dois capítulos. No primeiro capítulo estudamos o modo como o homem mítico experiencia o tempo, sublinhando o papel do discurso mitológico. No segundo capítulo abordamos a concepção aristotélica de tempo, sendo esta interpretada à luz de um substrato essencialista e teleológico. Neste ponto estabelecemos uma divisão, pois a I parte do nosso trabalho deverá ser compreendida como um enquadramento teórico necessário para se compreender o conceito de tempo. No terceiro capítulo colocamos em evidência a relação existente entre a concepção de progresso – desenvolvida através de uma racionalidade científica – e a inauguração de uma experiência de tempo que se afasta do substrato teleológico. Este afastamento do substrato teleológico coloca em causa a atribuição de uma finalidade ao processo histórico, comprometendo a existência de um sentido totalizante imanente do mesmo. No último momento do nosso trabalho, concluímos que a crise surge de uma concepção de tempo histórico, na medida em que é intrínseca ao mesmo. A perda de finalidade origina um estado de crise que deve ser interpretada como um modo de ser e de estar no tempo e no mundo. Com isto pretendemos mostrar que o trabalho de Reinhart Koselleck é fundamental para compreendermos filosoficamente, etc, o estado de crise atual. Por conseguinte, esta deve ser interpretada como constitutiva e, consequentemente, derivada do enquadramento conceptual desenvolvido pela modernidade que origina um tempo histórico linear e neutro, tal como Kosellek aponta.

This dissertation aims to study the relationship between the conception of historical time in Reinhart Koselleck and the concept of crisis. We analyze the texts of the author from the view of the history of concepts and interpret the crisis as a derivation of historical time.The dissertation is divided into two parts, each consisting of two chapters. In the first chapter we study the way mythical man experiences time, underlining the role of mythological discourse. In the second chapter we address the Aristotelian conception of time, which is interpreted in the light of an essentialist and teleological substrate.At this point we establish a division, because the I part of our work should be understood as a theoretical framework necessary to understand the concept of time. In the third chapter we highlight the relationship between the conception of progress - developed through a scientific rationality - and the inauguration of an experience of time that moves away from the teleological substratum. This departure from the teleological substrate calls into question the attribution of a purpose to the historical process, compromising the existence of a totalizing meaning immanent of it. At the last moment of our work, we conclude that the crisis arises from a conception of historical time, insofar as it is intrinsic to it. The loss of purpose gives rise to a state of crisis that must be interpreted as a way of being in time and in the world.With this we intend to show that the work of Reinhart Koselleck is fundamental to understand philosophically, etc., the current state of crisis. Consequently, it must be interpreted as constitutive and, consequently, derived from the conceptual framework developed by modernity that gives rise to a linear and neutral historical time, as Kosellek points out.