A adesão a princípios gerais dos direitos humanos e o estudo das representações sociais acerca da deficiência intelectual

Abstract

A presente dissertação teve como foco o estudo de duas dimensões distintas: por um lado, compreender a perceção de estudantes universitários acerca de alguns indicadores de adesão a princípios gerais dos direitos humanos selecionados a partir de situações gerais versus situações concretas; por outro, perceber qual a imagem relativa às pessoas com deficiência intelectual, bem como às pessoas com sucesso profissional e pessoal, tentando perceber também quais os eventuais comportamentos que existem nas relações entre pessoas não deficientes e pessoas com deficiência intelectual, numa amostra de 207 estudantes universitários.O presente estudo apresenta-se como uma investigação de caráter exploratório e, neste sentido, foram realizadas análises descritivas, testes de comparações entre médias e análises fatoriais em componentes principais. Os resultados mostram uma clara adesão a indicadores de princípios gerais dos direitos humanos, verificando-se diferenças estatisticamente significativas entre a perceção que estudantes universitários têm acerca do direito à liberdade utilizando o confronto entre uma situação geral e uma situação concreta; no caso relativo à perceção que os mesmos têm relativamente ao direito a constituir família, recorrendo também à situação geral versus situação concreta, esta encontra-se no limiar do nível de significância. Adicionalmente, outros resultados mostram uma imagem relativa à pessoa com sucesso profissional e pessoal associada a caraterísticas de proatividade e detentora de uma boa capacidade de adaptação, contrariamente à imagem da pessoa com deficiência mental que se associa a caraterísticas de dependência, falta de autonomia e fraca capacidade de adaptação funcional, sendo que apenas se constatam comportamentos amáveis em duas situações: ou quando a deficiência é causadora de extrema inadaptação ou quando a deficiência permite alguma autonomia e adaptação funcional. Conclui-se que a discriminação bem como as perceções de atitudes discriminatórias são uma realidade fortemente presente no dia-a-dia das pessoas com deficiência, sendo que as barreiras psicossociais impedem, em grande parte, a participação socialmente ativa deste grupo social.

This essay was focused on the study of two distinct dimensions: on the one hand, to understand the perception of university students about some indicators of adherence to general principles of human rights selected from general situations versus concrete situations; On the other hand, to understand the relative image of people with intellectual disabilities, as well as people with personal and professional success, trying to understand also the possible behaviors existing in the relations between non-disabled persons and people with intellectual disabilities, in a sample of twenty-seven university students.The current study is an exploratory research and, in this sense, were carried out descriptive analyzes, tests of comparisons between averages and factorial analyzes in main components.The results show a clear adherence to indicators of general principles of human rights, with statistically significant differences between the perception that university students have about the right to freedom using the confrontation between a general situation and a concrete situation: in the case of perception which they have regarding the right to build a family, also using the general situation versus the concrete situation, is at the threshold of the level of significance.Additionally, other results show an image related to the person with professional and personal success associated with characteristics of proactivity and good adaptive capacity, contrary to the image of the person with mental deficiency that is associated with characteristics of dependence, lack of autonomy and weak capacity for functional adaptation, with only pleasant behaviors in two situations; when the deficiency causes extreme maladaptation and when the disability allows some autonomy and functional adaptation.It is concluded that discrimination as well as perceptions of discriminatory attitudes are a strong reality in the daily life of people with disabilities, and psychosocial barriers largely prevent the socially active participation of this social group.