Síndrome da morte súbita do lactente e tabagismo : ciência e estratégias de intervenção

Abstract

Introdução: A Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL) é a principal causa de morte pós-neonatal no lactente. O tabagismo é, actualmente, o principal factor de risco prevenível. Objectivos: A presente revisão pretende actualizar o conhecimento sobre a relação causal entre exposição ao fumo do tabaco e SMSL e desenvolver estratégias de intervenção preventivas eficazes na redução da exposição e consequente redução dos casos de SMSL. Desenvolvimento: O risco de SMSL aumenta com o tabagismo activo na gravidez e com o tabagismo passivo pós-natal materno e de outros. A exposição ao tabagismo passivo na gravidez aumenta as concentrações fetais e neonatais de nicotina e cotinina. A etiologia da SMSL permanece desconhecida mas têm sido encontradas alterações relacionadas com a exposição ao tabaco. A cessação tabágica da grávida e prevenção da recaída baseiam-se em intervenções psicossociais personalizadas. A farmacoterapia não é recomendada, reservando-se para grávidas que não respondem à terapêutica não medicamentosa. A principal fonte de exposição passiva das crianças é a casa, onde restrições parciais não oferecem protecção máxima. Conclusões: O tabagismo na gravidez e a exposição das crianças ao fumo do tabaco devem ser preocupações actuais. A cessação tabágica na gravidez e medidas de controlo da exposição a ambientes de fumo do tabaco reduzem a SMSL. A legislação deve proteger os não fumadores do tabagismo passivo, particularmente as crianças. A educação da população é a base para a mudança. O profissional de saúde tem um papel primordial na avaliação dos hábitos tabágicos da grávida/pais e da exposição das crianças, que devem ser consideradas rotina, bem como no apoio à cessação tabágica e na educação para a saúde

Introduction: Sudden Infant Death Syndrome (SIDS) is the leading cause of postneonatal infant mortality. Smoking is now the most important modifiable risk factor. Objectives: This review updates knowledge about the causal relationship between tobacco smoke exposure and SIDS and develops effective preventive intervention strategies to reduce the exposure and, consequently, SIDS cases. Development: The risk of SIDS increases with active smoking during pregnancy and with postnatal passive smoking from mothers and other household members. Exposure to passive smoking during pregnancy increases the fetal and neonatal concentrations of nicotine and cotinine. The etiology of SIDS remains unknown, but changes have been found related to tobacco exposure. Smoking cessation for pregnant women and prevention of relapse are based on customized psychosocial interventions. Pharmacotherapy is not recommended, and it should be reserved for pregnant women who do not respond to non-pharmacological therapy. Home is the main source of passive exposure for children, where partial restrictions do not offer maximum protection. Conclusions: Smoking in pregnancy and childhood exposure to tobacco smoke should be of current concern. Smoking cessation in pregnancy and restrictions to control environmental tobacco smoke exposure reduce SIDS cases. Legislation should protect non-smokers from passive smoking, particularly children. Public education is the groundwork for change. The health professional has a key role in assessing the smoking habits of pregnant women/ parents and the children's exposure to tobacco, which should be considered routine, as well as in supporting smoking cessation and promoting health education.