A influência do EGFR (Receptor do factor de crescimento epitelial) na carcinogénese oral e desenvolvimento das terapias alvo deste receptor

Abstract

Introdução: Em média 5% dos tumores que ocorrem na cabeça e no pescoço localizam-se na cavidade oral. Apesar de existir uma favorável tendência na redução do consumo de tabaco, este juntamente com o consumo de álcool desempenham um papel determinante no desenvolvimento do cancro oral. Os recentes avanços na genómica, proteómica e na biologia molecular permitiram identificar a anormal sinalização que ocorre no cancro. Uma maior enfâse tem sido dada à imunoterapia, e à identificação de alvos terapêuticos assim como novos fármacos que actuem nas diversas vias de sinalização alteradas. O EGFR tem a sua expressão aumentada no CECCP e está relacionado com mau prognóstico. Assim, as pesquisas têm sido direccionadas na tentativa de sinalizar a actividade anormal do EGFR (sinalização celular). A terapia molecular alvo, nomeadamente anti-EGFR tem sido integrada com sucesso no tratamento do CECCP localmente avançado. O objectivo deste trabalho é compreender a influência que o EGFR desempenha na carcinogénese oral e no desenvolvimento de terapias moleculares alvo que visam a sua inibição. Materiais e Métodos: Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados primárias MEDLINE (Pubmed), EBSCO library (EBSCOhost) e a B-on, utilizando a combinação de 2 das seguintes palavras-chave com o conector boleano “AND”: Cell-Cycle; Epidermal Growth Factor Receptor targeting; Head and Neck Cancer; Monoclonal antibody; Oral Carcinogenesis; Targeted therapy; Tyrosine Kinase inhibitor; Signaling Pathways. Desta pesquisa foram analisados 52 artigos com os idiomas limitados ao Inglês e Português e com um limite temporal de 1989 até 2012. Foram ainda consultados três livros de texto, um dos quais pertencente à Biblioteca da Área de Medicina Dentária da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. As obras referidas na bibliografia foram essencialmente utilizadas na realização do desenvolvimento deste trabalho. Conclusão: O Médico Dentista desempenha um papel fundamental no diagnóstico precoce do CECCP com a realização do exame oportunista no início de cada consulta. É fundamental reduzir os factores de risco e incentivar a cessação tabágica. O progresso no tratamento do CECCP é evidente estando relacionado com o desenvolvimento da terapia alvo, nomeadamente fármacos que inibem o EGFR. A terapia alvo ainda não é eficaz nos estádios precoces da doença e a sua utilidade com terapia adjuvante tem que ser ainda estudada. Contudo, a utilização do cetuximab trouxe um aumento na sobrevivência e no controlo locoregional quando adicionado à radioterapia em pacientes com CECCP localmente avançado, recorrência e metástase. A actividade dos fármacos inibidores da tirosina cinase é promissora mas necessita ainda de mais ensaios clínicos. Tendo em consideração os resultados dos ensaios clínicos, estes sugerem que a inibição de apenas uma via de sinalização do EGFR não é suficiente, devido às inúmeras mutações e diferentes níveis de estimulação destas vias alteradas. É fundamental melhorar o conhecimento da biologia tumoral, projectar ensaios clínicos mais adequados e optimizar a aplicação destes novos fármacos, assim como a aplicação conjunta da terapêutica convencional com a terapia alvo.