Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/2163
Title: Ecologia do ictioplâncton e reprodução da anchova Engraulis encrasicolus (L.) (Pisces, Engraulidae) no estuário do Rio Mondego
Authors: Ribeiro, Rui Godinho Lobo Girão 
Keywords: Ecologia Animal
Issue Date: 1-Jun-1992
Citation: RIBEIRO, Rui Godinho Lobo Girão - Ecologia do ictioplâncton e reprodução da anchova Engraulis encrasicolus (L.) (Pisces, Engraulidae) no estuário do Rio Mondego. Coimbra, ed. aut., 1991, p. 356.
Abstract: A presente dissertação visou caracterizar o estuário do Mondego em função dos peixes teleósteos que o utilizam como local de postura e crescimento das fases iniciais do seu ciclo de vida e contribuir para o conhecimento da reprodução e da ecologia das fases planctónica e adulta da anchova, Engraulis encrasicolus (L.). O estuário possui uma elevada complexidade hidrológica, sendo frequente a existência de acentuadas heterogeneidades verticais térmicas e salinas. O Braço Sul e a parte terminal do rio Pranto comportam-se como um sistema lagunar de águas salobras, esporadicamente alterado por fluxos fluviais de grande intensidade, aquando da abertura das comportas do rio Pranto. As variações espacio-temporais nas concentrações de nutrientes (nitritos, nitratos e fosfatos) e no pH tiveram, aparentemente, causas diversificadas. A realização de colheitas em várias estações de amostragens em diferentes situações do ciclo de maré e do ciclo lunar e durante ciclos nictemerais permitiu identificar 28 taxa de ictioplanctontes. As densidades dos grupos taxonómicos mais abundantes foram comparadas entre as várias zonas estuarinas, entre diferentes situações dos ciclos tidal, nictemeral e lunar e entre as duas profundidades de colheitas (subsuperficiais e junto ao fundo). Os estados embrionários pertenceram a dois conjuntos de posturas pelágicas temporalmente distintos: por um lado posturas outonais e invernais de espécies marinhas e, por outro, posturas primaveris e estivais de anchova. Três taxa dominaram fortemente a comunidade larvar em loci espacio-temporais distintos: Ammodytes tobianus nos meses de Inverno, associado a salinidades mais elevadas; Engraulis encrasicolus na Primavera e Verão, nas zonas a montante, sobretudo a parte terminal do Pranto; Pomatoschistus spp nas restantes situações. Sobretudo em preia-mar de marés vivas, a entrada de larvas eurihalinas marinhas determinou um aumento dos valores de diversidade e de equitabilidade que, regra geral, foram muito reduzidos. Em baixa-mar, a diversidade média foi mais elevada na Primavera e nas estações a montante. As amostras de larvas colhidas no ciclo anual em quatro situações de maré (preia-mar e baixa-mar de marés vivas e marés mortas) foram estruturadas em dois conjuntos, a que correspondem diferentes associações de espécies. A reprodução e a ecologia das fases adulta e planctónica da anchova foi estudada com base em amostras de adultos e de ictioplanctontes obtidas durante a época de postura de 1990, de Maio a Setembro. Os resultados relativos à biologia populacional e à actividade sexual da fase adulta da anchova sugerem a ocorrência de migrações frequentes para a parte terminal do rio Pranto (zona preferencial de postura) por parte de cardumes de reprodutores, horas antes da emissão dos gâmetas. A análise modal das frequências de comprimentos foi rejeitada como método eficaz para a determinação das classes etárias. Ambos os sexos atingiram o primeiro ano de vida com iguais comprimentos médios e, a partir daí, o crescimento somático das fêmeas foi superior ao dos machos. A quebra na taxa de crescimento em comprimento entre o primeiro e o segundo ano de vida poderá ter resultado de uma reorientação na partição do investimento energético para a reprodução em prejuízo do crescimento somático. à€ deplecção nas reservas energéticas (avaliada pelo índice de gordura e pelo factor de condição), durante a época de reprodução, correspondeu um decréscimo no investimento na reprodução (avaliado pelo índice gonado-somático e pela fecundidade por postura). O crescimento integrado e recente em comprimento padrão e em peso seco dos estados larvares de anchova foi determinado através da enumeração e da medição da espessura dos anéis diários de crescimento nos sagittae. A aplicação do modelo de Laird-Gompertz para a determinação do crescimento conduziu a resultados semelhantes aos obtidos com modelos lineares. A elevada mortalidade registada para os ovos foi associada a uma forte predação e ao transporte para o exterior da área amostrada. O modelo da taxa instantânea de mortalidade variável foi ajustado à população larvar tendo sido obtido um valor moderado para o coeficiente de mortalidade (ß). A retenção dos ictioplanctontes de anchova no estuário do Mondego poderá ser explicada por processos meramente físicos e será determinada essencialmente pela localização das posturas. O regime hídrico negativo que, provavelmente, o Pranto apresenta durante os meses mais quentes terá sido o factor determinante na progressiva acumulação de larvas a montante. A hipótese mais plausível para a explicação das variações temporais no volume e peso dos ovos inclui mais de um factor interagindo em simultâneo, sendo provável que o peso das fêmeas em postura desempenhe um papel determinante. Pela aplicação do Método de Produção de Ovos foi obtida uma primeira estimativa aproximada das densidades e das biomassas relativas dos reprodutores de anchova que utilizam o estuário do Mondego como local de reprodução. Este trabalho levantou novas questões relativas a aspectos particulares da biologia e ecologia da anchova no estuário do Mondego (e.g. periodicidade das migrações dos reprodutores para o local de postura, variabilidade nas taxas de crescimento dos adultos, influência do ciclo sinódico na intensidade da postura, importância do estuário como local de renovação do "stock" pesqueiro). Para essas questões foram formuladas novas hipóteses de trabalho cujos testes exigirão estudos subsequentes com metodologias específicas. PALAVRAS-CHAVE: ecologia, reprodução, anchova, Engraulis encrasicolus, Pisces, Engraulidae, estuário, Mondego, hidrologia, diversidade, otólito, estrutura etária, oogénese, fecundidade por postura, crescimento, mortalidade, retenção.
Description: Tese de doutoramento em Ciências (Ecologia Animal) apresentada à Fac. de Ciências e Tecnologia da Univ. de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/2163
Rights: embargoedAccess
Appears in Collections:FCTUC Ciências da Vida - Teses de Doutoramento

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