Once upon a time a leaf... : from litterfall to breakdown in streams

Abstract

Os ribeiros de floresta são basicamente heterotróficos, i.e., obtêm a maior parte da sua energia do ecossistema que os rodeia. A matéria orgânica alóctona produzida na floresta adjacente entra no rio, é retida e decomposta in situ, fornecendo energia para todo o ecossistema. As cadeias alimentares dos ribeiros de floresta são pois baseadas na decomposição microbiana da matéria orgânica alóctona, principalmente folhas. Os fungos, em particular os hifomicetos aquáticos, são os principais decompositores de folhas em rios. Os hifomicetos aquáticos colonizam as folhas acelerando a sua degradação através de um efeito directo no tecido foliar e indirectamente por aumentarem a palatabilidade dos detritos para os detritívoros. Os detritos são finalmente fragmentados em pedaços progressivamente mais pequenos através da actividade alimentar dos macroinvertebrados e da abrasão física. Os ribeiros de floresta são pois diferentes da maior parte dos ecossistemas no sentido em que obtêm a maior parte da sua energia através da decomposição de matéria orgânica alóctona. O objectivo desta tese é a elucidação de alguns dos aspectos da decomposição de folhas em ribeiros de floresta, com ênfase no papel dos microorganismos no processo. A tese cobre a ligação entre o ribeiro e a floresta circundante, i.e., a entrada de matéria orgânica alóctona no sistema, assim como o destino das folhas dentro do ribeiro. Os resultados obtidos mostram que as generalizações obtidas em ribeiros de outras áreas geográficas são aplicáveis a ribeiros de floresta da zona temperada/mediterrânea: (1) a matéria orgânica alóctona é a principal fonte de energia em ribeiros de florestas caducifólias mistas locais, a maior entrada de matéria orgânica ocorre no Outono e é composta maioritariamente por folhas, (2) a importância relativa dos factores determinantes das taxas de decomposição varia em função de um extenso conjunto de factores internos e externos e (3) os fungos são os principais decompositores microbianos de folhas em rios, pelos menos em termos de biomassa. Os resultados desta tese mostram também que existe um gradiente latitudinal geográfico nas taxas de decom-posição de folhas em rios devido ao desenvolvimento mais rápido (em termos de biomassa) dos decompositores microbianos nos rios tropicais.