Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/18599
Título: José Ferreira de Lacerda : o sacerdote jornalista : a crónica sobre a Grande Guerra no jornalismo leiriense
Autor: Santos, Joaquim Manuel Alves dos 
Orientador: Camponez, Carlos
Gomes, Saul
Palavras-chave: Jornalismo -- Leiria -- séc. 20; Lacerda, José Ferreira de, 1881-1971 -- vida e obra
Data: 2011
Citação: SANTOS, Joaquim Manuel Alves dos - José Ferreira de Lacerda : o sacerdote jornalista : a crónica sobre a Grande Guerra no jornalismo leiriense. Coimbra : [s.n.], 2011
Resumo: José Ferreira de Lacerda (1881-1971) é uma das figuras incontornáveis da história leiriense do século XX. Figura polémica, mesmo dentro dos meios eclesiásticos, foi sempre um homem de causas, enquanto cidadão, político, sacerdote e jornalista. Um dos objectivos centrais da presente investigação procura aprofundar uma das dimensões marcantes da biografia da sua personalidade como jornalista na Grande Guerra ao serviço de O Mensageiro, jornal que ele fundou, era proprietário e transformou no principal instrumento das causas que defendeu. Ao propormo-nos aprofundar esta questão, considerámos essencial fazer uma contextualização histórica do conflito, nomeadamente as suas causas e as diferentes consequências num pequeno país colonial da periferia da Europa, a viver internamente uma fase particular da sua história: a consolidação da República. Como se repercutiram estes acontecimentos numa cidade como Leiria? A nossa análise incidirá, em particular sobre o jornalismo leiriense no período de 1914-1918, não descurando o contexto das ideias da época e do debate político que se fazia em torno da jovem República. Para além do conteúdo observado e dos títulos que se publicavam, preocupámo-nos em perceber o drama vivido pelos cidadãos da época, expresso nos títulos das notícias e nos números das vítimas da Guerra. Outra das abordagens efectuadas consistiu em perceber quando se começou a promover a missão de jornalista profissional no palco da guerra. A Grande Guerra, como acontecimento mediático que foi, fez com que se deslocassem muitos profissionais do jornalismo para a Flandres na sequência do que aconteceu com outros combates bélicos, os quais foram objecto de acompanhamento de um jornalismo profissional em fase de afirmação. Do ponto de vista jornalístico, a Grande Guerra foi também um grande acontecimento. E um acontecimento é o motivo da notícia no jornalismo contemporâneo. José Ferreira de Lacerda percebeu-o à sua maneira. Aproveitando o facto de ser destacado, de forma voluntária, para a Flandres, como capelão militar, decidiu fazer da causa da assistência espiritual dos soldados portugueses também um motivo complementar para o exercício de um jornalismo ao serviço dos seus leitores, dando-lhe uma dimensão híbrida de modernismo que, apesar de tudo, cremos, ímpar, em particular no contexto da imprensa regional da época. Naquele período, a Grande Guerra destaca-se entre todas as notícias: era o acontecimento. Foi justamente esse princípio que norteou José Lacerda, sabendo que não bastaria ser apenas sacerdote, apoiante moral das tropas ou fazendo o culto aos mortos. Foi bem mais longe. Percebeu que o acontecimento da Grande Guerra deveria ser relatado pormenorizadamente, merecendo amplo destaque em O Mensageiro, por se tratar de um período histórico absolutamente extraordinário, que deveria constar nas páginas do seu jornal. Ao decidir fazê-lo, nas 31 Crónicas da Guerra – Campanha da Flandres, introduziu no jornalismo leiriense algo mais do que um espaço de debate político e ideológico e, à sua maneira, actualizou a noção de que «o acontecimento jornalístico é (...) de natureza especial, distinguindo-se do número indeterminado dos acontecimentos possíveis em função de uma classificação ou de uma ordem ditada pela lei das probabilidades» (Rodrigues, 1993: 27). Não pudemos deixar de analisar os textos – denominados por crónicas – à luz do estudo nos géneros jornalísticos, em particular a crónica e a reportagem.. O objectivo deste estudo foi o de caracterizar com maior rigor o género jornalístico dos textos de José Lacerda num contexto em que a crónica reinava e a reportagem se afirmava como um estilo tipicamente profissional de fazer jornalismo. Por isso, analisámos também o tipo de jornalismo que se fazia no início do século XX (de causas), colocando-o em paralelo com o discurso jornalístico em voga num contexto epocal de uma primeira República Portuguesa muito debilitada, com crises políticas constantes e um confronto ideológico muito aceso. Deste modo, pareceu-nos necessário distinguir a reportagem e a crónica, como forma de caracterizar qual dos dois géneros se encontravam nas narrativas da guerra de José Lacerda. Sabe-se que são os géneros jornalísticos que indiciam a forma pretensamente objectiva de comunicar, possibilitando também perceber o meio, o papel mais ou menos activo de quem os escreve, o seu grau de aproximação ou distanciamento, a eventual cumplicidade com o objecto da narrativa e também a presença do realismo ou da ficção. Resumindo a presente dissertação, ela está organizada em quatro capítulos. No primeiro capítulo debruçámo-nos sobre as questões de enquadramento histórico da Grande Guerra, os efeitos da mesma sobre o Portugal da altura, e a participação portuguesa no conflito. O segundo capítulo consistiu na observação da imprensa de Leiria no período da guerra, dedicando-nos a analisar, no terceiro, a biografia de José Ferreira de Lacerda e a história do seu jornal O Mensageiro. Finalmente, a quarta parte, verifica os géneros jornalísticos e as suas fronteiras (crónica e reportagem). O presente estudo assentou num trabalho de levantamento, análise documental e bibliográfico, nas bibliotecas Afonso Lopes Vieira (Leiria), Arquivo Distrital (Leiria), Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), Biblioteca Nacional (Lisboa), Arquivo Histórico Militar (Lisboa), Biblioteca do Seminário Diocesano de Leiria-Fátima (Leiria), Casa Paroquial dos Milagres (Milagres), Santuário de Fátima (Cova da Iria), Casa do Clero de Fátima (Cova da Iria) e alguns alfarrabistas. Incluímos também uma deslocação ao palco dos acontecimentos da Grande Guerra, na Flandres, nomeadamente a Richebourg, onde estivemos no Cemitério Militar Português; La Couture, com averiguações efectuadas no Hotel de Ville daquela localidade francesa; Lillers, para levantamento de informações com Felicia D‟Assunção, filha de um ex-combatente português e Bois Groiner, região onde se travaram os duríssimos combates da Batalha de La Lys. A dissertação apresentada pretende contribuir para o estudo da imprensa regional do século XX, através da análise de caso do jornalismo leiriense, com particular enfoque para o jornal O Mensageiro e a participação do seu director como sacedote, capelão militar, político, dirigente associativo, mas muito especialmente como jornalista.
Descrição: Dissertação de mestrado em Comunicação e Jornalismo, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/18599
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Dissertações de Mestrado
FLUC Secção de Comunicação - Teses de Mestrado

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