Caracterização Morfológica e Funcional das Ginastas de Artística Feminina com Idades Compreendidas entre os Cinco e os Doze Anos de Idade: Estudo realizado com Ginastas de Alta Competição da Associação de Ginástica do Norte

Abstract

De forma a dar continuidade a um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, ao longo de quatro anos, na Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, foi elaborado o presente estudo, sobre ginastas de Ginástica Artística Feminina, na Associação de Ginástica do Norte. Existem três objectivos essências para este estudo, a saber: 1 - Definir um perfil morfológico e funcional das atletas de ginástica artística feminina, dos 5 aos 12 anos de idade, pertencentes à Associação de Ginástica do Norte dando continuidade a um trabalho que tem vindo a ser realizado, anualmente, desde 2002/2003; 2 - Definir o somatótipo representativo de cada escalão etário e da média de todas as atletas; 3 - Quantificar as mudanças ocorrentes entre cada faixa etária.

Para este efeito realizaram-se medidas respeitantes a duas variáveis: a variável morfológica, em que se mensurou a massa corporal, a estatura, a altura sentado, cinco pregas de adiposidade subcutânea (tricipital, subescapular, suprailíaca, crural e geminal), quatro circunferências (braquial, braquial máximo, crural e geminal), e quatro diâmetros (biacromial, bicristal, bicondilo-umeral e bicondilo-femural). A amostra deste estudo é constituída por 41 atletas de quatro clubes do norte, nomeadamente o Sport Clube do Porto, o Futebol Clube de Gaia, o Ginásio Clube da Maia e o clube de Ginástica Olímpica da Maia. Resumindo os resultados, o perfil de ginasta encontrado é definido por uma estatura baixa, assim como o peso e a altura sentado, percentagens de massa adiposa reduzidas, ombros mais largos do que as ancas e volumes musculares desenvolvidos. Na dimensão funcional as ginastas caracterizam-se por elevados graus de força, tal como de flexibilidade e uma crescente velocidade em corrida (à medida que envelhecem). Em relação ao somatótipo encontrou-se o valor 2.0 – 4.5 – 2.6 como representativo da média de todas as atletas observadas, enquadrando-as na categoria do ecto-mesomorfismo. Segundo diversos autores, este perfil pode ter várias explicações: pode dever-se a um processo de selecção ao qual as atletas são sujeitas nos primeiros momentos de participação na modalidade, “a selecção e detecção de talentos é uma questão eminentemente biológica (...), o alvo da selecção é o indivíduo (...)” (Bodmer e Cavalli-Sforza, 1976; Mayr, 1988), deduzindo-se assim que somente serão seleccionados, para evoluírem na ginástica, indivíduos de pouca estatura e baixo peso, o que pode ser explicado por uma influência da actividade física e do treino no processo de crescimento das ginastas, seja por um défice imposto na nutrição durante a pré-adolescência ou pelos característicos repetidos impactos do treino, provocando nas ginastas experiências de fusões ósseas prematuras, um impacto nas estruturas morfológicas e um consequente decréscimo no crescimento (Caine, D.; Lewis, R.; O’Connor, P.; Howe, W.; Bass, S.; (2001)), ou finalmente pode dever-se à permanência de atletas de sucesso portadoras de aspectos biológicos favoráveis ao sucesso ou na desistência de atletas mal sucedidas com características não favoráveis (resultados de um estudo de Ziemilska, (1981) e Tonz et al., (1990), referenciado por Malina, (1999))