Memórias de vergonha em mulheres Portuguesas com ideação suicida: o papel moderador do mindfulness

Abstract

Suicide ideation (SI) is one of risk factors for suicide and it seems to be more prevalent in females. The causes that can lead to their development are not fully understood, it is recognized that is a result of interactions of several factors, such as personality, cognitive, individual, social and negative life events. Furthermore, it’s relevant to understand what factors may protect individuals to develop SI. The literature has been showing that mindfulness is considered a protective factor for various mental health problems, particularly depression and SI. Thus, the present study aims to examine the moderating role of the facets of mindfulness in the relationship between emotional memories of shame and suicidality. Specifically, it was hypothesised that the facets of mindfulness would have a protective effect on the relationship between emotional memories of shame and suicidality, controlling for the effect of depression. The sample consisted of 410 female participants assessed by completing a battery of self-response scales measuring the aforementioned constructs.The results revealed associations that were mainly significant and in the expected direction. Emotional memories of shame have shown to exclusively predict suicidality and the nonjudging facet was the only significant moderator of this relationship, namely at the low and medium levels. This seems to reveal that adopting a non-labelling attitude of internal experience could be a potentially protective variable in preventing suicidality.

A ideação suicida (IS) é um dos fatores de risco de suicídio e parece ser mais prevalente no sexo feminino. As causas que podem levar ao seu desenvolvimento ainda não estão completamente compreendidas, percebendo-se que esta resulta de uma interação de vários fatores, como a personalidade, cognitivos, individuais, sociais e/ou acontecimentos de vida negativos. Além disso, é pertinente entender que fatores poderão proteger os indivíduos de desenvolver IS. A literatura tem vindo a revelar que o mindfulness é considerado fator protetor de vários problemas de saúde mental, particularmente na depressão e IS. Assim, o presente estudo pretende examinar o papel moderador das facetas do mindfulness na relação entre as memórias emocionais de vergonha e a suicidalidade. Hipotetizou-se especificamente que as facetas do mindfulness teriam um efeito protetor na relação entre as memórias emocionais de vergonha e a suicidalidade, controlando o efeito da depressão. A amostra foi composta por 410 participantes do sexo feminino avaliadas através do preenchimento de uma bateria de escalas de autorresposta que mediam os construtos supracitados. Os resultados revelaram associações maioritariamente significativas e no sentido esperado. Demonstrou-se que as memórias emocionais de vergonha predizem exclusivamente a suicidalidade e a faceta não julgar apresentou-se como o único moderador significativo desta relação, especificamente nos níveis baixos e médios. O que parece revelar que a adopção de uma atitude não rotuladora da experiência interna poderá ser uma variável potencialmente protetora na prevenção da suicidalidade.