Saúde e turismo: a Madeira na rota dos viajantes e doentes do séc. XIX

Abstract

A Ilha da Madeira, a par de outras estâncias do proto-turismo nascen- te, sobretudo as da bacia do Mediterrâneo, representou uma espécie de utopia médico-higienista baseada nas propriedades curativas e profiláticas do seu clima para o tratamento das doenças, em especial da tuberculose pulmonar, durante grande parte do séc. XIX. Inúmeros doentes de várias nacionalidades, mas sobretudo ingleses, tal a dimensão da colónia inglesa ali estabelecida já desde o séc. XVIII, procuraram a ilha em busca de cura. A ciência médica de oitocentos, anterior à revolução pasteuriana, foi muito marcada pela climatologia, meteorologia, topografia e geografia médicas, e sucederam-se por toda a Europa tratados e discussões médicas sobre as influências mesológicas sobre a saúde. A Madeira foi pioneira como des- tino cientificamente recomendado para viajantes que a procuravam por razões de saúde. A par da actividade comercial à volta do vinho Madeira, a presença de estrangeiros que procuravam a ilha por aquelas razões sus- citou o aparecimento de um tipo de escrito, os guias, com informações úteis, normalmente escritos por estrangeiros, inseridos em narrativas de viagem mais amplas.