RODOLFO WALSH E A IMPOTÊNCIA JORNALÍSTICA FACE AO PODER AUTORITÁRIO

Abstract

Rodolfo Walsh, assassinado em 1977 por forças ao serviço do ditador Videla, é um dos jornalistas argentinos mais marcantes e estu- dados de toda a América Latina. Sob o regime autoritário do general Aramburu, que dirigiu o país com pulso de aço e sob a lógica do medo, investigou crimes perpetrados pelos militares e serviços secretos, mas de cuja publicação não resultou o menor sobressalto ou consequência política. O jornalista viu, aliás, toda a grande imprensa argentina recu- sar as suas reportagens, pelo que teve de recorrer a pequenas publica- ções que, para sua surpresa, não recearam publicá-las nem enfrentar as consequências que daí poderiam advir. “Operação massacre” (1957) e o “Caso Satanowsky” (1958) falam de crimes de estado e de fuzilamentos ilegais, mas a denúncia pública desses atos não abanou minimamente a estrutura do poder. Pelo contrá- rio, evidencia a ineficácia e a impotência do jornalismo em contextos de autoritarismo político.