A Pobreza Energética e a Vulnerabilidade Social: Uma análise qualitativa em Portugal

Abstract

Energy poverty (EP) is a relatively new concept in the scientific world, with no consensual definition. However, recently, there has been a convergence towards an approach to a multidimensional phenomenon. Therefore, it is important to understand PE comprehensively, both in terms of its causes and its consequences.Therefore, this study aims to analyse how EP plays a determining role in social vulnerability, through its health risks, namely through: i) identification of the main causes of EP; ii) identification of the main health consequences of EP; and iii) understanding the role of public policies and policy-makers in mitigating the impacts of EP.Therefore, a qualitative study was carried out, based on semi-structured interviews, followed by content analysis. The interviewees were experts specialized in EP or adjacent areas, including two experts from health (n=2), three experts from scientific research (n=3) and two experts specialized in EP mitigation policies (n =2).The results were divided into five areas of analysis: i) causes of EP; ii) health consequences of EP; iii) EP minimization and mitigation policies; iv) consequences of the EP for the territory; and v) perspectives on the energy crisis.Experts report as the main results that the three main causes of EP are the poor quality of building construction, low wages and increased energy costs. The consequences include cardiovascular, respiratory, allergy, orthopaedic and mental well-being problems. They state that (inter)national policies are inefficient and state that the only way to carry out successful policies is through local authorities and civic associations. Regarding the consequences for the territories, they state that the EP brings numerous economic and social costs, particularly in relation to the National Health Service. Finally, when they state that the energy crisis will worsen the EP in the European territory, despite bringing challenges to countries like Portugal.

A Pobreza Energética (PE) é um conceito relativamente recente no mundo científico, não apresentando uma definição consensual. Todavia, recentemente, tem havido uma convergência para uma abordagem de um fenómeno multidimensional. Assim, é importante entender a PE de forma abrangente, quer seja ao nível das suas causas, como ao nível das suas consequências. Assim, este estudo propõe-se a analisar de que forma a PE tem um papel determinante na vulnerabilidade social, nomeadamente através da: i) identificação das principais causas da PE; ii) identificação das principais consequências da PE para a saúde; e iii) compreensão do papel das políticas públicas e dos policy-makers na mitigação dos impactes da PE.Deste modo, procedeu-se a um estudo qualitativo, baseado em entrevistas semiestruturadas, seguindo-se da análise do seu conteúdo. Os entrevistados foram peritos especializados na área da PE ou adjacentes, contanto com dois peritos da área da saúde, três peritos da área da investigação científica e dois peritos especializados em políticas de mitigação da PE. A análise foi estruturada em cinco áreas: i) causas da PE; ii) consequências da PE para a saúde; iii) políticas de minimização e mitigação da PE; iv) consequências da PE para o território; e v) perspetivas sobre a crise energética. Os peritos referem como principais resultados que as três grandes causas da PE são a má qualidade da construção do edificado, os baixos salários e o aumento dos custos de energia. Como consequências apontam os problemas cardiovasculares, respiratórios, alergológicos, ortopédicos e de bem-estar mental. Referem que as políticas (inter)nacionais são pouco eficientes e afirmam que a única forma de realizar políticas bem-sucedidas é através das autarquias e associações cívicas locais. Relativamente às consequências para os territórios, enunciam que a PE traz inúmeros custos económico-sociais, nomeadamente em relação ao Serviço Nacional de Saúde. Por fim, quando afirmam que a crise energética irá agudizar a PE no território europeu.