Tuberculose resistente à rifampicina em doente VIH positivo com má adesão à terapêutica

Abstract

Tuberculosis remains a major cause of death worldwide. Despite the progress already made, there are several factors that continue to condition an ineffective treatment: HIV co-infection; poor adherence to therapy; development of resistances to antituberculous drugs. We present the case of a patient co-infected with Mycobacterium tuberculosis and HIV, initially treated with first-line antituberculous drugs. However, due to poor adherence to treatment, he ended up developing resistance to rifampicin. For this reason, he started a therapeutic regimen with second-line antituberculous drugs, but remained non-compliant. Later on, he developed sepsis which required prolonged hospitalization. The development of resistances represents a serious public health problem, compromising the objectives defined by the WHO for the year 2035, which aim to eradicate epidemic tuberculosis. They motivate the use of second-line therapeutic schemes with multiple drugs, often less effective, more expensive and with greater toxicity. It is necessary to develop new strategies for the treatment and prevention of this disease and, at the same time, carry out an early diagnosis, identify risk factors that may enhance the development of resistances and avoid possibly ineffective therapeutic regimens. It is a priority to invest in a good doctor-patient relationship and to promote close monitoring of these patients, checking whether they need other types of support, for example, psychological, social and economic.

A tuberculose continua a ser uma importante causa de morte a nível mundial. Apesar dos progressos já feitos, vários fatores continuam a condicionar um tratamento ineficaz: a coinfeção por VIH; a má adesão à terapêutica instituída; o desenvolvimento de resistências aos antibacilares. Apresenta-se o caso de um doente co-infetado por Mycobacterium tuberculosis e VIH, inicialmente tratado com antibacilares de primeira linha. Porém, por uma fraca adesão ao tratamento, acabou por desenvolver resistência à rifampicina. Por este motivo, iniciou um esquema terapêutico com antibacilares de segunda linha, porém manteve-se incumpridor. Mais tarde, desenvolveu sépsis com necessidade de internamento prolongado. O desenvolvimento de resistências constitui um grave problema de saúde pública, comprometendo os objetivos definidos pela OMS para o ano de 2035, que visam erradicar a tuberculose epidémica. Condicionam o recurso a esquemas terapêuticos de segunda linha com múltiplos fármacos, muitas vezes menos eficazes, mais caros e com maior toxicidade. É necessário desenvolver novas estratégias de tratamento e prevenção desta doença e, simultaneamente, efetuar um diagnóstico precoce, identificar fatores de risco que possam potenciar o desenvolvimento de resistências e evitar esquemas terapêuticos possivelmente ineficazes. Torna-se prioritário investir numa boa relação médico-doente e promover um acompanhamento próximo destes doentes, verificando se necessitam de outro tipo de apoios, nomeadamente, apoio psicológico, social e económico.