Tratamento de superfície em microimplantes: revisão sistemática

Abstract

Introdução Os microimplantes são dispositivos que permitem ancoragem esquelética absoluta. O recurso a microimplantes possui maior taxa de insucesso (10-30%) que os implantes dentários convencionais (10%). Na tentativa de colmatar estas falhas, técnicas de tratamento químicas e/ou mecânicas da superfície dos microimplantes têm sido sugeridas. Não existe, contudo, consenso na literatura atual sobre qual destes métodos é o gold-standard. Objetivou-se, assim, a realização de uma revisão sistemática da literatura sobre os tratamentos de superfície em microimplantes, de forma a comparar características e protocolos, e avaliar o seu efeito na estabilidade clínica. Métodos O protocolo de revisão sistemática foi registado pela plataforma PROSPERO (CRD42023408011). Realizou-se uma pesquisa bibliográfica que abrangeu as bases de dados PubMed via MEDLINE, Cochrane Library, Embase e Web of Science. Esta revisão foi desenvolvida de acordo com as diretrizes PRISMA, com inclusão de estudos que avaliassem como outcome a estabilidade de microimplantes após tratamento de superfície. Procedeu-se à avaliação do risco de viés de cada um, através das orientações de Faggion Jr. para estudos in vitro de materiais dentários e a ferramenta SYRCLE para estudos in vivo. Para estudos clínicos utilizou-se a ferramenta da Cochrane. Resultados A pesquisa inicial das bases de dados obteve 1571 resultados, tendo sido incluídos na revisão 89 estudos, com um artigo proveniente de pesquisa nas referências bibliográficas dos estudos incluídos. Fotobiomodulação, luz ultravioleta, laser de baixa intensidade, condicionamento ácido e jateamento de óxido de alumínio, bem como anodização oxidativa, foram os tratamentos mais frequentemente utilizados, proporcionando um aumento significativo da estabilidade dos microimplantes.ConclusãoOs estudos incluídos exibem heterogeneidade de protocolos e medição de outcomes, e, adicionalmente, os estudos in vivo e in vitro incluídos apresentaram um elevado risco de viés. São necessários estudos de melhor qualidade e mais ensaios clínicos randomizados para aferir qual o método gold-standard.

IntroductionMiniscrews are devices that allow for absolute skeletal anchorage. The use of mini-implants has a higher failure rate (10-30%) than conventional dental implants (10%). In an attempt to overcome these flaws, chemical and/or mechanical treatment techniques for the surface of miniscrews have been suggested.However, there is no consensus in the current literature about which of these methods is the gold standard. Thus, our objective was to carry out a systematic review of the literature on surface treatments of miniscrews, in order to compare characteristics and protocols, and evaluate their effects on clinical stability.MethodsThe systematic review protocol was registered by the PROSPERO platform (CRD42023408011). A bibliographic search was carried out covering the following databases: PubMed via MEDLINE; Cochrane Library; Embase; Web of Science. This review was developed in accordance with the PRISMA guidelines, with the inclusion of studies that evaluated the stability of miniscrews after surface treatment as an outcome. The risk of bias was assessed for each study, following the guidelines of Faggion Jr. for in vitro studies of dental materials and the SYRCLE tool for in vivo studies. For clinical studies, the Cochrane tool was used.ResultsThe initial search of the databases yielded 1571 results, with 89 studies included in the review, with one article originating from the search in the bibliographic references of the included studies. Photobiomodulation, ultraviolet light, low intensity laser, acid-etching and sandblasting, as well as oxidative anodization, were the most frequently used treatments, providing a significant increase in miniscrews stability.ConclusionThe included studies exhibit heterogeneity of protocols and measurement of outcomes, and, additionally, the in vivo and in vitro studies included showed a high risk of bias. Better quality studies and more randomized clinical trials are needed to determine the gold-standard method.