Efeitos da pandemia de COVID-19 no consumo de álcool

Abstract

A COVID-19 foi identificada, pela primeira vez, no final de 2019 na China, tendo-se rapidamente alastrado para todo o mundo e sendo classificada como pandemia, em março de 2020. Quer a própria doença quer as medidas implementadas pelos vários governos para a controlar, como a obrigatoriedade de ficar em casa e o encerramento de lojas e serviços não essenciais, provocaram um aumento do stress na população que, para além de ter de lidar com o medo da infeção ou com a própria infeção e os seus sintomas, teve também de adaptar o seu dia-a-dia. Este stress levou a um maior risco do aumento do consumo de álcool por parte de grupos de risco, como os indivíduos com perturbação associada ao álcool, os profissionais de saúde, todos aqueles que viram uma redução dos seus rendimentos e os cuidadores de crianças ou idosos. Para além destes fatores, observou-se que os resultados do consumo de álcool variaram ao longo do tempo e do local, não sendo consensual se o sexo feminino ou masculino, ou mesmo a idade podem ser considerados fatores de risco. Importante também referir que o consumo de álcool pode piorar o prognóstico dos infetados com COVID-19, assim como o facto da infeção por este vírus poder acentuar os efeitos nocivos do álcool no organismo. Em suma, a pandemia provocou um aumento do stress na população, sendo que, devido a isso, o consumo de álcool aumentou em indivíduos com características pessoais de risco para esse consumo. Este facto pode levar ao aumento das consequências nocivas do álcool na população nos próximos anos, assim como agravar os prognósticos das complicações do consumo abusivo do álcool e da infeção por COVID-19.

COVID-19 was first identified at the end of 2019, in China, has quickly spread all over the word and was classified as a pandemic, in March 2020. Both the disease itself and the measures implemented by the various governments to control it, including the mandatory stay at home rules, as well as the closing of stores and non-essential services, produced an increase in stress on the population, who besides having to deal with the fear of infection or the infection itself and its symptoms, also had to adapt their daily lives. The stress caused an increased risk of alcohol consumption by risk groups, such as individuals with an alcohol related disorder, health professionals, those who suffered a loss in income and children or elder’s carers. Besides these groups, the outcomes of alcohol consumption where variable depending on the time and place, with no consensual relationship among gender or even age being seen as a risk factor. It´s also important to mention that alcohol consumption could worsen the prognosis of those infected with COVID-19, as well as the fact that the infection caused by this virus could enhance the harmful effects of alcohol in the body. In summary, the pandemic has caused a stress increase in the population, and because of that, alcohol consumption has grown in individuals with personal risk characteristics for that consumption. This could mean an increase in the harmful alcohol effects in the population in the future, as well as a worse complications prognosis of abusive alcohol consumption and of the infection with COVID-19.