LESÕES TRAUMÁTICAS DA COLUNA CERVICAL NO DESPORTO – EPIDEMIOLOGIA E MECANISMOS DE LESÃO

Abstract

Despite the physical, psychological and social benefits inherent to sports, the athletes are not exempt from trauma, particularly to the locomotor system, mostly in collision and contact sports. Traumatic injuries to the spine, in general, and to the cervical region, in particular, are more frequent in american football, rugby and ice hockey, once they are sports played at high speeds and frequent physical contact. Other sports have also been associated with a higher risk of traumatic cervical spine injury, namely combat sports, especially wrestling, winter sports such as skiing and snowboarding, cheerleading, diving, cycling, horseback riding and gymnastics.The spectrum of traumatic cervical spine injuries in sports is wide and its characterization depends on the location, type, severity, stability and spinal compromisse. The majority of the injuries are mild, namely muscle spasms, partial muscle and ligament ruptures without instability, acute intervertebral disc injuries without myelopathy and stable fractures. Although rare, severe traumatic injuries to the cervical spine, such as unstable fractures and/or dislocations, can be associated with serious long-term sequelae, such as tetraparesis/quadriplegia and even death.The epidemiology, mechanisms and types of traumatic cervical spine injury vary among sports. The most frequent traumatic injury mechanisms of the cervical spine in athletes are direct head impact and acceleration-deceleration mechanisms.Due to the serious consequences that a severe traumatic injury to the cervical spine represents for athletes, coaches, family members and medical staff, the knowledge of the epidemiology, risk factors, types and mechanisms of the most frequent injury becomes crucial for the development of effective preventive measures that minimize their occurrence as much as possible.In this narrative review a vast bibliographic research was carried out in order to investigate and systematize the current scientific evidence related to the epidemiology, types and injury mechanisms of traumatic cervical spine injuries specific to various sports modalities, aiming to be a contribution to the scientific divulgation of this topic in the field of orthopedics and traumatology.

Apesar dos benefícios físicos, psicológicos e sociais inerentes à prática de desporto, os atletas não estão isentos de traumatismos, em particular do aparelho locomotor, maioritariamente em desportos de colisão e contacto. A lesão traumática da coluna vertebral, em geral, e da região cervical, em particular, é mais frequente no futebol americano, râguebi e hóquei no gelo, por serem desportos praticados a elevadas velocidades e com contacto físico frequente. Outros desportos têm sido também associados a maior risco de ocorrência de lesão traumática da coluna cervical, nomeadamente os desportos de combate, em especial a luta livre (wrestling), desportos de inverno, como o esqui e o snowboard e, ainda, cheerleading, mergulho, ciclismo, hipismo e ginástica.O espetro de lesões traumáticas da coluna cervical no desporto é amplo e sua caracterização depende da localização, tipo, gravidade, estabilidade e compromisso medular, sendo que as lesões mais frequentes são ligeiras, nomeadamente espasmos musculares, roturas musculares e ligamentares parciais sem instabilidade, hérnias agudas de disco intervertebral sem mielopatia e fraturas estáveis. Apesar de raras, as lesões traumáticas graves da coluna cervical, como as fraturas instáveis e/ou luxações, podem associar-se sequelas graves a longo termo, nomeadamente tetraparésia/tetraplegia e até a morte. A epidemiologia, os mecanismos e os tipos de lesão traumática da coluna cervical variam entre desportos. Os mecanismos de lesão traumática da coluna cervical mais frequentes em atletas são o impacto da cabeça do atleta e os mecanismos de aceleração-desaceleração. Dadas as graves repercussões que uma lesão grave da coluna cervical representa para os atletas, treinadores, familiares e equipas médicas, o conhecimento da epidemiologia, dos fatores de risco, do tipo e mecanismos de lesão mais frequentes torna-se fundamental para o desenvolvimento de estratégias preventivas eficazes que minimizem ao máximo a sua ocorrência.Nesta revisão narrativa, foi elaborada uma vasta pesquisa bibliográfica com o intuito de investigar e sistematizar a evidência científica mais atual relativa à epidemiologia, tipos e mecanismos de lesão traumáticas da coluna cervical específicos das modalidades desportivas com maior incidência e prevalência destas lesões, procurando ser um contributo para a divulgação científica desta temática na área da ortopedia e traumatologia.