Estudos psicométricos da versão em Português Europeu do Inventário do Coping Diádico com o Stresse Financeiro

Abstract

O stresse financeiro tem sido referido na literatura como um forte preditor de stresse para os casais e famílias. Quando não gerido eficazmente, este pode ter efeitos negativos no bem-estar individual e relacional/familiar. O presente estudo teve como objetivo desenvolver e avaliar as características psicométricas da versão em Português Europeu do Inventário de Coping Diádico com o Stresse Financeiro (DCIFS). A amostra foi constituída por 152 participantes da população geral (71.1% do género feminino), com idade média de 40.06 anos (DP = 11.93) e que se encontravam numa relação há aproximadamente 15.51 anos. Os dados foram recolhidos através de uma plataforma online (LimeSurvey) e os participantes preencheram uma bateria de avaliação que incluía a escala em estudo, bem como questionários de autorresposta que avaliavam o ajustamento diádico (Escala de Ajustamento Diádico – Revista), a comunicação (subescala da comunicação do ENRICH), a ansiedade, depressão e stresse (EADS-21), a qualidade de vida (EUROHIS-QOL-8) e o conflito família-trabalho e conflito trabalho-família (CFT-CTF). Os valores de fiabilidade foram aceitáveis (α = .89 para o total da escala e > .70 para a maioria das subescalas; a exceção foram as subescalas Comunicação de Stresse pelo Próprio e pelo Parceiro e CD Negativo pelo Próprio). A análise fatorial confirmatória confirmou o ajuste do modelo original aos dados (X2 = 311.01; gl = 175; X2/gl = 1.78; CFI = .95; RMSEA = .07 [.06-.09]; SRMR = .06). As correlações com outras variáveis relevantes atestam a validade do DCIFS. Não se encontraram diferenças de género em nenhuma das subescalas do inventário. O estudo deste instrumento constitui-se como um bom contributo para a investigação e prática clínica.

Financial stress has been considered in the literature as a strong predictor of stress for couples and families. When not managed effectively, it can have negative effects on individual and relational/ family well-being. The objective of the present study was to develop and assess the psychometric characteristics of the European Portuguese version of the Dyadic Coping Inventory for Financial Stress (DCIFS). The sample consisted of 152 participants from the community (71.1% female), with a mean age of 40.06 years (SD = 11.93) and who were in a relationship for about 15.51 years. Data were collected through an online platform (LimeSurvey) and participants completed a set of questionnaires that included the DCIFS, as well as self-reported questionnaires that assessed dyadic adjustment (Revised Dyadic Adjustment Scale), communication (communication subscale of ENRICH), anxiety, depression and stress (DASS-21), quality of life (EUROHIS-QOL-8) and family-work conflict and work-family conflict (CFT-CTF). Reliability values were acceptable (α = .89 for the total scale and > .70 for most subscales; the exceptions were the subscales Communication of Stress by Self and by Partner and Negative DC by Self). Confirmatory factor analysis validated the fit of the original model to the data (X2 = 311.01; df = 175; X2/df = 1.78; CFI = .95; RMSEA = .07 [.06-.09]; SRMR = .06). Correlations with other relevant variables supported the validity of the DCIFS. No gender differences were found in any of the subscales of the DCIFS. The study of this instrument provided a good contribution to research and clinical practice.