Mudanças no uso do solo na Bio-Região da Idanha: avaliação da resposta hidrológica e erosiva dos solos

Abstract

O solo é um recurso natural não renovável que assegura o fornecimento de diversos serviços ecossistémicos, pelo que a sua degradação, nomeadamente através de processos de erosão, implica mudanças na sua capacidade para fornecer esses serviços. A erosão do solo, considerada a principal ameaça ao solo, cria modificações no nível do solo e de todos os seus componentes, desencadeando processos de degradação tanto no solo como na paisagem, levando a alterações na sua composição e estrutura, contribuindo frequentemente para processos de desertificação. Devido à conjugação de vários fatores, a região Mediterrânea apresenta elevada vulnerabilidade à erosão dos solos, promovida pelo regime pluviométrico que apresenta, caraterizado pela existência de longos períodos secos a que sucedem episódios de precipitação intensa, e por padrões de uso do solo que favorecem a exposição do solo à erosão. Este trabalho pretende avaliar de que forma as mudanças no uso e na cobertura do solo alteram a suscetibilidade do solo à erosão em paisagens agrícolas mediterrânicas, tendo por referência o contexto de Idanha-a-Nova, um território que registou mudanças significativas no padrão de uso do solo na última década, nomeadamente um aumento significativo de usos intensivos, de regadio, que estão a substituir os usos extensivos tradicionais. Num território em que o número e intensidade dos episódios de precipitação intensa é significativa no período pós-estival, período coincidente com os valores mais baixos de cobertura do solo, os resultados obtidos, através de simulações de chuvas (58-60 mm/h), mostram que a percentagem de cobertura vegetal é a variável que mais influencia a resposta hidrológica (escoamento superficial) e erosiva dos solos, tanto nas culturas de sequeiro como de regadio.

The soil is a non-renewable natural resource that ensures the supply of various ecosystem services, so its degradation, namely through erosion, implies changes in its capacity to provide these services. The soil erosion, considered the main threat to the soil, creates changes in the soil level and all its components, triggering degradation processes both in the soil and in the landscape, leading to changes in its composition and structure, often contributing to processes of desertification. Due to the combination of several factors, the Mediterranean region is highly vulnerable to soil erosion, promoted by its rainfall regime, characterised by long dry periods followed by episodes of intense rainfall, and by land use patterns that favour soil exposure to erosion. This work aims to assess how changes in land use and land cover alter soil susceptibility to erosion in Mediterranean agricultural landscapes, taking as reference the context of Idanha-a-Nova, a territory that has seen significant changes in land use patterns of soil in the last decade, namely a significant increase in intensive uses, irrigation, which are replacing traditional extensive uses. In a territory where the number and intensity of intense precipitation episodes is significant in the post-summer period, a period that coincides with the lowest values of soil cover, the results obtained, through rainfall simulation (58-60 mm/h), show that the percentage of vegetation cover is the variable with higher influence on the hydrological response (surface runoff) and soil erosion, considering rainfed and irrigated crops.