Estudo da incidência de dor crónica não orofacial em doentes com Disfunção Temporomandibular

Abstract

Introdução: As Disfunções Temporomandibulares (DTM) são patologias que se apoiam num modelo biopsicossocial e etiologia multifatorial, sendo que o início e a sua cronificação podem estar associados a comorbilidades dolorosas, com possíveis consequências em vários aspetos do bem-estar físico e mental dos doentes. O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência de dor crónica não orofacial em doentes com DTM, bem como avaliar o eventual impacto que a mesma pode ter na sua qualidade de vida.Materiais e Métodos: Neste estudo multicêntrico, a amostra populacional da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (Portugal) e da Faculdad de Medicina da Universidad de Salamanca (Espanha) foi avaliada através de três instrumentos: DC/TMD, uma adaptação do inventário multidimensional de dor de West Haven-Yale e o inventário resumido de dor de Charles Cleeland. Os participantes foram divididos em dois grupos, tendo em conta o diagnóstico, ou não, de alguma DTM: grupo controlo e grupo com DTM. Foi feita uma comparação entre os dois grupos relativamente à dor crónica nas seguintes regiões: cabeça, tronco/costas, membros superiores e membros inferiores. A qualidade de vida e intensidade da dor dos participantes com DTM foi avaliada através dos questionários. Posteriormente realizou-se a análise estatística.Resultados: Foi recolhida uma amostra total de 244 participantes. No que se refere à comparação entre os dois grupos, a análise estatística demonstrou existir uma associação estatisticamente significativa entre ter dor orofacial e ter dor noutras regiões do corpo. Existiu uma associação com significado estatístico relativamente à dor na região do tronco/costas e membros superiores. A associação foi impossível para a região da cabeça e dos membros inferiores. Houve uma associação estatisticamente significativa entre o aumento da intensidade da dor e o decréscimo na qualidade de vida.Discussão: A evidência atual tem demonstrado uma correlação entre a dor provocada pelas DTM e a presença de dor generalizada, tal como o nosso estudo comprovou. Tendo em consideração estudos que têm vindo a avaliar e associar o impacto da dor na qualidade de vida em doentes com DTM, este trabalho permitiu demonstrar que a intensidade da dor está significativamente associada a um decréscimo na qualidade de vida. Conclusão: Doentes com DTM têm maior probabilidade de ter dor em regiões não orofaciais. O aumento da intensidade da dor está associado ao decréscimo na qualidade de vida de um doente com dor orofacial.

Introduction: Temporomandibular Disorders (TMD) are pathologies that are based on a biopsychosocial model and multifactorial etiology, and their onset and chronification may be associated with painful comorbidities, with possible consequences in various aspects of the physical and mental well-being of patients. The aim of this study was to assess the incidence of chronic non-orofacial pain in patients with TMD, as well as to assess the possible impact that it may have on their quality of life.Materials and Methods: In this multicenter study, the population sample from the Faculty of Medicine of the University of Coimbra (Portugal) and the Faculty of Medicine of the Universidad de Salamanca (Spain) was evaluated using three instruments: DC/TMD, an adaptation of the multidimensional inventory of West Haven-Yale Pain and Charles Cleeland's Summary Pain Inventory. Participants were divided into two groups, considering the diagnosis, or not, of any TMD: control group and group with TMD. A comparison was made between the two groups regarding chronic pain in the following regions: head, trunk/back, upper limbs and lower limbs. The quality of life and pain intensity of participants with TMD were assessed using questionnaires. Subsequently, statistical analysis was performed.Results: A total sample of 244 participants was collected. Regarding the comparison between the two groups, the statistical analysis showed a statistically significant association between having orofacial pain and having pain in other regions of the body. There was a statistically significant association with pain in the trunk/back and upper limbs. The association was impossible for the head and lower limbs. There was a statistically significant association between an increase in pain intensity and a decrease in quality of life.Discussion: Current evidence has shown a correlation between TMD pain and the presence of generalized pain, as our study has shown. Considering studies that have been evaluating and associating the impact of pain on quality of life in patients with TMD, this work has shown that pain intensity is significantly associated with a decrease in quality of life.Conclusion: Patients with TMD are more likely to have pain in non-orofacial regions. The increase in pain intensity is associated with a decrease in the quality of life of a patient with orofacial pain.