Taxa de sucesso da ancoragem ortodôntica com recurso a mini-implantes interradiculares no maxilar superior - revisão sistemática

Abstract

Introdução: A ancoragem ortodôntica define-se como a resistência aos movimentos dentários não desejados. Dentro dos dispositivos de ancoragem destacam-se os mini-implantes, que permitem alcançar uma ancoragem esquelética e absoluta, sem necessidade de colaboração ou intervenção por parte do paciente. Existem vários fatores relacionados com o paciente, operador e com o próprio mini-implante que podem influenciar a estabilidade destes dispositivos ortodônticos. Objetivo: O objetivo da presente revisão sistemática é avaliar quais os parâmetros que têm maior influência na estabilidade dos mini-implantes interradiculares e, consequentemente, na sua taxa de sucesso. Materiais e métodos: A presente revisão sistemática foi elaborada de acordo com os critérios previstos no protocolo de revisões PRISMA. Foi definida como questão PICO e objetivo desta revisão: “Quais os parâmetros que influenciam a taxa de sucesso dos mini-implantes interradiculares utilizados para ancoragem ortodôntica no maxilar superior?”A pesquisa eletrónica foi executada em quatro bases de dados diferentes: Pubmed, Cochrane, Web of Science e Embase. Dos 597 artigos obtidos na pesquisa inicial, após análise dos mesmos, foram selecionados 9 artigos que cumpriam os critérios de inclusão/exclusão definidos para esta revisão. Resultados: Nos nove artigos incluídos e analisados, a taxa de sucesso dos mini-implantes inseridos variou entre os 76% e 96%. A amostra mais reduzida é constituída por 21 pacientes, sendo predominante o sexo feminino. Todos os mini-implantes foram inseridos em regiões interradiculares posteriores do maxilar superior, tendo um período mínimo de acompanhamento de 6 meses. Dentro dos parâmetros avaliados, os que apresentaram uma influência significativa na taxa de sucesso dos mini-implantes foram: a densidade óssea, a sensibilidade ou dor, a distância entre o dispositivo e as raízes adjacentes, e o comprimento do mini-implante. Uma maior densidade de osso esponjoso (mais compacto) leva a uma maior taxa de sucesso dos mini-implantes. A presença de sensibilidade ou dor está associada a uma maior mobilidade dos mini-implantes e, consequentemente, a um pior prognóstico. Quanto maior a proximidade entre o dispositivo e as raízes adjacente, menor a estabilidade, sendo esta relação mais acentuada quando há contacto entre o implante ortodôntico e a raiz. É recomendado o uso de mini-implantes com comprimento superior a 8mm para maximizar a taxa de sucesso do tratamento. Conclusão: Os mini-implantes interradiculares constituem um dispositivo fiável para a ancoragem esquelética no maxilar superior, sendo o seu sucesso determinado por múltiplos fatores que deverão ser acautelados aquando do seu planeamento, colocação e acompanhamento.

Introduction: Orthodontic anchorage is defined as the resistance to unwanted dental movements. Between all anchorage devices, miniscrews are one the most used ones. They enable orthodontists to achieve a skeletal and absolute anchorage without the need for patient collaboration or intervention. There are multiple factors related to the patients, the clinician and the miniscrew itself that influence the stability of these said devices. Objective: The objective of this systematic review is to evaluate the parameters that have the biggest influence in the stability of interradicular miniscrews and, therefore, in its success rate.Materials and methods: This systematic review was made according to the criteria defined by the PRISMA framework. The defined PICO question and aim of this review was the following: “What parameters influence the success rate of orthodontic anchorage using miniscrews at maxillary interradicular sites?” The electronic search was executed in four different databases: Pubmed, Cochrane, Web of Science and Embase. 597 articles were found in the initial search and, after their examination, 9 were selected according to inclusion/exclusion criteria. Results: Between all 9 selected and analysed studies, the success rate of the miniscrews varied between 76% and 96%. The smallest sample was composed by 21 patients, predominantly females. All miniscrews were inserted at posterior maxillary interradicular sites with a minimum follow up period of 6 months. Between all the measured parameters, the ones who presented significant influence in the success rate of dental miniscrews were bone density, sensibility or pain, distance between the miniscrews and adjacent dental roots and miniscrew length. A higher cancellous bone density (more compact) leads to higher miniscrew success rate. The presence of sensitivity or pain is linked to miniscrews mobility and, therefore, a worse prognosis. A closer proximity between the devices and adjacent roots leads to miniscrew instability. This association is even more pronounced when there is contact between the orthodontic screw and the dental root. The use of miniscrew with more than 8mm of length is also recommended to achieve a treatment with higher success rates. Conclusion: Miniscrews present themselves as worthy devices to achieve skeletal anchorage at the maxilla. Its success rate is defined by multiple factors that should be carefully planned and executed.