Representações e processos na dedução humana : o caso do raciocínio silogístico

Abstract

Esta dissertação aborda a questão das representações e processos que instanciam o raciocínio dedutivo humano. O tratamento do tema articula dois momentos, correspondentes à primeira e segunda partes da dissertação: 1. Discutem-se potenciais inadequações das teorias dominantes na psicologia do raciocínio (viz. as teorias da lógica mental, teoria dos modelos mentais e a teoria do ganho de informação), destacando os problemas ligados: 1.1 à distinção e articulação entre processos de inferência dedutiva, orientados pela procura do estabelecimento de validade lógica, e processos de inferência probabilística, orientados pela procura de maximização da força indutiva;1.2 à explicação dos processos de aquisição da competência dedutiva;1.3 à integração nessa competência da capacidade de representar e utilizar a destrinça entre Possibilidade e Necessidade. 2. Defende-se uma nova proposta teórica, contextuando-a na semântica kripkena da lógica modal e em projectos recentes de desenvolvimento de silogísticas tão poderosas como o Cálculo de Predicados e mais próximas das linguagens naturais do que aquele. 2.1. Apresenta-se a teoria alternativa descrevendo a sua instanciação num modelo computacional do raciocínio silogístico categórico, construído na arquitectura cognitiva ACT-R. Nesse modelo i. a interpretação da quantificação refere-a a mundos possíveis e não a objectos; ii. a inferência silogística assenta sobre a regra do Silogismo Hipotético (SH); iii. equivalências da lógica modal são utilizadas (a) para criar uma representação das premissas que permita o uso de SH ou (b) para verificar a validade do uso prévio de SH na obtenção uma conclusão putativa. 2.2. Descrevem-se os estudos de avaliação empírica do modelo proposto e discute-se a sua possível generalização à explicação de outros tipos de raciocínio.