Impacto da pandemia Covid-19 na Atividade do SNS e no Acesso aos Cuidados de Saúde no período correspondente à 1ª vaga: O caso Português

Abstract

O presente relatório foi desenvolvido no âmbito do estágio curricular do Mestrado em Gestão na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, realizado na Administração Regional de Saúde do Centro, IP, mais concretamente na Unidade Regional de Gestão do Acesso, responsável pelo acompanhamento e avaliação do acesso aos cuidados de saúde na Região Centro.O principal interesse deste trabalho prende-se com o impacto da pandemia Covid-19 no Sistema Nacional de Saúde e das medidas implementadas pelas autoridades competentes com o objetivo de conter a progressão de contágios, mantendo a atividade assistencial possível. Numa circunstância de exceção como a atual, o acesso à prestação de cuidados de saúde é fundamental, com a lógica subjacente de colmatar as necessidades criadas pelo evento extremo, comprometendo minimamente a atividade assistencial. O propósito do presente trabalho consiste em compreender as consequências resultantes da pandemia Covid-19 durante a primeira vaga (março e abril de 2020) nas organizações de saúde do SNS, particularmente no que concerne à evolução da produção hospitalar, acesso aos cuidados de saúde e respetivas medidas para a gestão da retoma e recuperação da atividade. A análise efetuada permitiu identificar uma redução acentuada da atividade programada, nomeadamente de consultas e cirurgias, que porventura pode significar um retardamento do diagnóstico e respetivo tratamento, causando uma deterioração do estado de saúde do utente. Um dos fatores preponderantes para a redução das consultas presenciais, de acordo com a literatura, foi o medo pelo risco de contágio percecionado pelos utentes. Não obstante, a telemedicina revelou-se um recurso essencial, existindo um parcial efeito de substituição.Constatou-se ainda, no período em estudo, que os impactos decorrentes da diminuição da atividade programada e urgente provocaram um agravamento da morbilidade e da mortalidade, causando um aumento do custo do tratamento, que terá consequências ao nível da qualidade de vida e da produtividade económica.

The following report was developed as part of a curricular internship performed at Administração Regional de Saúde do Centro, IP - more specifically for the Regional Access Management Unit - responsible body for the evaluation and monitoring of access to healthcare in the Central Region, for the purpose of conclusion of a Master’s Degree in Management at the Faculty of Economics of the University of Coimbra.The foremost concern of this paper relates to the impact of the Covid-19 pandemic on the Portuguese National Health System and the measures implemented by the competent authorities, with the aim of containing the progression of infection numbers while maintaining healthcare assistance levels. In an exceptional situation as the current, access to healthcare services is fundamental, in addition to responding to demands arising in such extreme events, while minimally compromising the service of healthcare assistance. The purpose of this work consists in comprehending the consequences resulting from the Covid-19 pandemic during the first wave of infections (March and April 2020) in Portuguese public health organisations, particularly regarding developments in productivity, access to healthcare and respective measures of management to recuperate activity levels within these organisations. The conducted analysis identified a pronounced reduction in planned activities, namely in appointments and surgical operations, which may result in a delay in the diagnosis and subsequent treatment of patients, causing a deterioration of state of health. According to literature, one of the preponderant factors for the reduction of conducted appointments was the fear for risk of contamination perceived by patients. Nevertheless, telemedicine was revealed to be an essential resource, forming a partial substitution effect for services.It was also found that during the period of study, the impacts resulting from the decrease in programmed and urgent activities provoked an increase in morbidity and mortality, causing an increase in treatment costs, which leads to consequences in quality of life and economic productivity.