Impacto das tecnologias de informação geoespacial no contexto humanitário: disponibilização de dados alfanuméricos e geoespaciais abertos através de uma aplicação WEB

Abstract

O Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas estima que em 2022, 274 milhões de pessoas venham a necessitar de ajuda humanitária, um número consideravelmente superior aos 235 milhões registados no ano anterior. No entanto, as Nações Unidas e as respetivas organizações parceiras fixaram o seu objetivo anual nas 183 milhões mais carenciadas, o que por si só exigirá um montante a rondar os 41 mil milhões de dólares em donativos. Apesar do número exorbitante, esta quantia deixará por assistir cerca de 91 milhões de indivíduos que, tanto por conflitos armados ou desastres naturais, são arrastados para uma condição de vida onde nem as mais básicas necessidades inerentes à sua condição humana verão satisfeitas. Torna-se assim imperativo maximizar os efeitos que todos os atores humanitários possam vir a ter no terreno, de modo a extrair o máximo valor possível de cada donativo. Para tal, só uma tomada de decisão apoiada em dados muito concretos sobre as populações afetadas, bem como das infraestruturas disponíveis e do seu presente estado de conservação, poderá conduzir a um auxílio o mais abrangente possível no mais curto espaço de tempo. Dado ser através da visão que consumimos a maioria da informação acerca do mundo que nos rodeia, esta torna-se mais inteligível quando apresentada em imagens que representem fielmente a informação numérica da qual originaram, ou no caso de informação geoespacial, de mapas onde através de diferentes noções geométricas se representem esses elementos e as suas características de interesse para o leitor. Com o advento da internet e a possibilidade de partilha de todo o tipo de informação, a geoespacial viu assim uma forma de ser não só partilhada mas também usada para a produção de mapas interativos que sirvam um propósito bem definido. Assistiu-se assim no início do século XXI aos primeiros sistemas de informação geográfica em contexto web, ou webSIGs, e ao potencial que tinham para deles se extrair informação através de grandes volumes de dados disponibilizados de uma forma apelativa para o utilizador. Foi neste paradigma que o presente trabalho assentou, tendo-se dado os primeiros passos na conceção de um webSIG capaz de informar a tomada de decisão em contexto humanitário.

The United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs estimatesthat in 2022, 274 million people will be in need of humanitarian aid, a figure considerablygreater than the 235 million registered the previous year. However, the United Nations and itsrespective partner organizations have set their yearly target for the 183 million people most inneed, which alone will require around $41 billion in donations. Despite this outrageousnumber, this amount will leave around 91 million individuals unassisted who, either due toarmed conflict or natural disasters, are dragged into a state where not even the most basic needs inherent to their human condition will be met. It is therefore imperative to maximize the effects that all humanitarian actors may have on the ground, in order to extract the maximum possible value from each donation. To this end, only decision-making supported by very concrete data on the affected populations, as well as the available infrastructure and its present state of conservation, can lead to the widest possible assistance in the shortest possible amount of time. Since it is through our eyes that we take in most of the information about the world around us, it thus becomes more intelligible when presented in images that faithfully represent the numerical information from which they’ve originated, or in the case of geospatial information, maps that by means of different geometric concepts can represent these elements and their characteristics of interest to the reader. With the advent of the internet and the possibility of sharing all kinds of information, geospatial information thus saw a way to be not only shared but also used for the production of interactive maps that serve a well-defined purpose. Thus, in the beginning of the 21st century, we witnessed the first web based geographic information system, or webGIS, and the potential they had to extract information from large volumes of data and make it available in an appealing way to the user. It was off of this paradigm that the present work was based, having taken the first steps in the design of a webGIS capable of informing the decision-making process in a humanitarian context.