Prevalência de comorbilidades numa coorte de doentes com Artrite Reumatóide

Abstract

Introduction: Rheumatoid arthritis is a chronic autoimmune inflammatory disease, with about two-thirds of the patients presenting multimorbidity. The aim of this study is to determine the prevalence of comorbidities in a cohort of RA patients and to assess their impact on quality of life. Methods: An observational, cross-sectional, single-center study was carried out, including 184 patients with rheumatoid arthritis, according to ACR/EULAR 2010 criteria or ACR 1983 criteria, followed at CHUC Rheumatology department and registered at Reuma.pt. Sociodemographic data (gender and age) and clinical data (SJ28, TJ28, CRP and ESR, disease activity, therapy, comorbidities, disease impact, and quality of life) were collected and RDCI was calculated using the formula described in recent literature. The correlation between quality of life and continuous variables was assessed using Pearson's correlation coefficient and the comparison between specific groups was performed using Mann-Whitney or Kruskal-Wallis tests. The association between the variables and EQ-5D was analyzed by multivariate linear regression. Results: The majority of the included patients were female (81.5%) and the average age was 63.80 ± 11.55 years. The score obtained for the Health Assessment Questionnaire (related to the impact of the disease) was 1.18 ± 0.71, the mean RDCI was 1.36 ± 1.13 and the EQ-5D score (which allows to assess quality of life) was 0.46 ± 0.27. About 80.7% of the patients had one or more comorbidities, being the most common hypertension (55.40%), dyslipidemia (41.80%), depression and arthrosis (26.60% for both). Only functional capacity (β=-0.214, 95% CI: -0.236 to -0.165) and pain in patient's perspective (β=-0.02, 95% CI: -0,03 to -0.01) remained as independent factors associated with quality of life. Conclusion: Functional disability and pain are the independent factors associated with lower quality of life. Therefore, we believe that a frequent and prudent screening for conditions that affect functional ability and quality of life should be part of the standard evaluation for these patients.

Introdução: A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune sistémica crónica, em que cerca de dois terços dos doentes apresentam multimorbilidade. O objetivo deste estudo é determinar a prevalência de comorbilidades numa coorte de doentes com RA e avaliar o seu impacto na qualidade de vida. Métodos: Foi efetuado um estudo observacional, transversal, unicêntrico que incluiu 184 doentes com artrite reumatoide, segundo os critérios ACR/EULAR 2010 ou os critérios ACR de 1983, seguidos no serviço de Reumatologia dos CHUC e registados em Reuma.pt. Foram colhidos dados sociodemográficos (género e idade) e informação clínica dos doentes (SJ28, TJ28, CRP e ESR, atividade da doença, terapêutica, comorbilidades, impacto da doença e qualidade de vida) e calculado o RDCI (de acordo com a fórmula descrita na literatura recente). A correlação entre a qualidade de vida e as variáveis contínuas foi avaliada através do coeficiente de correlação de Pearson e a comparação entre grupos determinada através de testes de Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis. A associação entre as variáveis e o EQ-5D foi analisada através de regressão linear multivariada. Resultados: Dos 184 doentes estudados, a maioria era do género feminino (81,5%) e a idade média de 63,80±11,55 anos. O score obtido para o Health Assessment Questionnaire (relacionado com o impacto da doença) foi de 1,18±0,71, o RDCI médio de 1,36±1,13 e o score do EQ-5D (que permite avaliar a qualidade de vida) de 0,46±0,27. Cerca de 80,7% dos doentes apresentou uma ou mais comorbilidades, sendo as mais prevalentes a hipertensão arterial (55,40%), a dislipidémia (41,80%), a depressão e a artrose (26,60% para ambas). Apenas a capacidade funcional (β=-0.214, 95% CI: -0.236 a -0.165) e a dor na perspetiva do doente (β=-0.02, 95% CI: -0.03 a -0.01) permaneceram como fatores independentes associados à qualidade de vida. Conclusão: A incapacidade funcional e a dor são os fatores independentes associados a pior qualidade de vida. Assim sendo, acreditamos que uma avaliação frequente e criteriosa dos aspetos que afetem a capacidade funcional e a qualidade de vida devem fazer parte do seguimento destes doentes.