Fragilidade do idoso: comparação de três escalas de avaliação

Abstract

Introdução: O envelhecimento demográfico constitui um problema global, que se tem vindo a acentuar no último século. O idoso, pela sua condição natural e, muitas vezes, pela realidade que o envolve, encontra-se suscetível a maior fragilidade e, consequentemente, a incapacidade. No sentido da deteção deste risco e sua gestão, deverão ser avaliadas biopsicossociais como a autonomia para as atividades básicas da vida diária (ABVD) e a condição socioeconómica, que este trabalho se propôs estudar.Métodos: Estudo transversal observacional em 6 centros de dia para idosos, na ilha da Madeira, sendo incluídos 114 idosos (idade ≥65 anos) que forneceram o seu consentimento informado. A autora construiu um questionário que incluiu três escalas, PRISMA-7 (Fragilidade), Índice de Barthel (ABVD) e Escala de Graffar Adaptada (Classificação socioeconómica), bem como dados sociodemográficos (sexo e idade) e aplicou-o individualmente. Para cada escala foram seguidos critérios de operacionalização recomendados. Foi realizada análise estatística descritiva e inferencial adaptada.Resultados: A prevalência de fragilidade foi de 46.5%, com a PRISMA-7, considerando-se frágeis os indivíduos com score ≥3 respostas “SIM”. Entre os indivíduos frágeis, verificou-se uma maior proporção de mulheres (34.21%), que apresentaram maior dependência para as ABVD. Verificou-se existir uma correlação negativa e moderada (r= -0.469, p<0.001) entre fragilidade e a capacidade funcional. Não se verificou associação estatisticamente significativa nas restantes correlações avaliadas, nomeadamente entre fragilidade e a condição socioeconómica (r=0.046, p=0.624), bem como entre capacidade funcional e a condição socioeconómica (r= -0.017, p=0.853).Conclusão: A abordagem preventiva da fragilidade poderá representar uma mais-valia como prática regular, incluída na avaliação geriátrica global integrada, em centros de dia para idosos, no sentido de se precaver precocemente incapacidade funcional.

Background: Demographic ageing is a global problem, which has been increasing in the last century. The elderly, by their natural condition and, often, by the reality that surrounds them, are susceptible to greater frailty and, consequently, disability. In order to detect this risk and its management, biopsychosocial parameters should be evaluated, like the autonomy for basic activities of daily living (BADL) and the socio-economic condition, which this work aimed to study.Methods: Cross-sectional observacional study in 6 elderly day centers, in Madeira island, including 114 seniors (age ≥65 years) that gave their informed consent. The author constructed a questionnaire that included three scales, PRISMA-7 (Frailty), Barthel Index (BADL) and Adapted Graffar Scale (Socioeconomic Classification), as well as sociodemographic data (gender and age) and applied it to each patient. Recommended operationalization criteria were followed for each scale. Descriptive and adapted inferential statistical analysis was performed.Results: The prevalence of frailty was 46.5%, with PRISMA-7, classifying as frail the individuals with score ≥3. Among frail individuals, there was a higher proportion of women (34.21%), who presented greater dependence for basic ADL. There was a negative and moderate correlation (r= -0.469, p<0.001) between frailty and functional capacity. There was no statistically significant association in the other correlations evaluated, specifically between fragility and socio-economic condition (r=0.046, p=0.624), as well as between functional capacity and socio-economic condition (r= -0.017, p=0.853).Conclusion: The preventive approach to frailty could represent an advantage as a regular practice, included in a comprehensive geriatric assessment (CGA) approach, in day care centres for the elderly, in order to early anticipate functional disability.