Ensino Multimédia no treino de competências clínicas: Exame Físico da Face e do Nariz

Abstract

Introdução: As Escolas Médicas portuguesas apresentam, no geral, rácios estudante-tutor elevados, o que se traduz numa diminuição do tempo alocado à aprendizagem do treino físico em doentes. Consequentemente, os alunos reconhecem um declínio da qualidade da aprendizagem, aumento do stress e riscos para os doentes. O ensino multimédia, nomeadamente vídeos direcionados ao treino de competências clínicas têm revelado uma melhoria no ensino médico. No entanto, estes materiais nem sempre são sujeitos a uma validação através de instrumentos padronizados e fidedignos. Posto isto, temos como objetivo a construção de um vídeo ilustrativo do exame físico da face e do nariz, como método complementar aos métodos tradicionais de ensino e a sua posterior validação enquanto objeto de ensino, através de um questionário posteriormente aplicado.Métodos: Trata-se de um estudo observacional analítico transversal, no qual foi solicitada, a alunos do 3º,4º,5º e 6º do Mestrado Integrado em Medicina e Internos de Formação Geral do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a visualização de um vídeo ilustrativo do exame físico da face e do nariz. Seguidamente, foi solicitado o preenchimento de um questionário estruturado e fechado, construído especificamente para validação do vídeo, enquanto objeto de ensino e aprendizagem.Resultados: Foram obtidas 198 respostas ao questionário, dos quais 60% correspondem a indivíduos do sexo feminino. Os alunos do 3º ano do MIM e os Internos de Formação Geral estiveram sub-representados na amostra. A pontuação média mais elevada foi registada na questão 9 “A linguagem utilizada no texto é facilmente percetível” (4,8±0,4) e a mais baixa para a questão 12 “O conteúdo apresentado no vídeo é suficiente para permitir que o público alvo atinja os objetivos propostos” (4,3±0,7). Os alunos do 5º ano do MIM apresentaram uma tendência significativamente superior para considerar que o conteúdo apresentado é suficiente para permitir que o público-alvo atinja os objetivos propostos, em relação aos restantes anos (p=.009). Da mesma forma, a probabilidade de recomendar o vídeo a outros colegas (p=.028) foi significativamente superior nos alunos do 4º, 5º e 6º ano, em relação aos do 3º e Internos de Formação Geral.Conclusão: A criação de vídeos destinados ao treino de competências clínicas, com qualidade e precisão científica, assim como a sua correta validação com recurso a escalas validadas traz inúmeros benefícios ao ensino em medicina. O desenvolvimento e disponibilização destes materiais por parte das faculdades parece poder contribuir para uma melhor preparação dos alunos.

Background: The Portuguese medical schools present a high student-tutor ratio, which leads to a lack of physical contact with patients. Therefore, the students recognize a learning gap, leading to increased stress levels and risks for the patients. Multimedia learning, namely the use of video to support teaching of clinical examination, have shown an improvement in medical education. However this materials are not always validated using standardized and reliable scales. Therefore, the aim of the study is to create a video illustrating the face and nose examination as an additional mean to the traditional learning methods, followed by its validation using a survey. Methods: An analytical observational cross-sectional study was conducted on students from the 3rd, 4th, 5th and 6th year of Medical School and General Training Residents from Coimbra Hospital and University Centre (CHUC). They were asked to watch a video illustrating the physical examination of the face and nose and to answer a closed and structured survey, to validate the video as a mean of teaching and learning. Results: There were 198 students/residents answering the survey, from which 60% were female. The 3rd year students and the General Training Residents were underrepresented in the sample. The highest mean score was registered on question number 9 “The audio in the video is easily perceptible.” (4,8±0,4) and the lowest on question 12 “The content presented on the video is enough for the target to reach the proposed goals” (4,3±0,7). The 5th year students considered that the content of the video reached the proposed goals significantly more than the other groups (p=.009). The 4th, 5th and 6th year students showed a significantly higher probability of recommending the video to other colleagues, than the 3rd year students and Residents. Conclusion: The making of videos with scientific accuracy and quality, using correct validation scales, aiming training of clinical skills, brings great advantages to the medical education. Universities developing and providing these materials, could lead to an improvement of students’ skills.