Traumatismo Crânio-Encefálico – Impacto no neurodesenvolvimento

Abstract

Introduction: Traumatic brain injury (TBI) represents, worldwide, one of the main causes of morbidity and mortality at pediatric age and can have consequences in neurodevelopment, either immediate or later on time. These changes across several domains have a very heterogeneous installation and expression. Objectives: To describe the predictors of outcome in neurodevelopment associated with TBI; to analyze their relationship with the impact across different domains of the neurodevelopment; to mention potential rehabilitations and to propose a follow up protocol based on the most relevant literature findings.Methods: Bibliographic research over electronical databases, on health sciences, namely PubMed, ClinicalKey and ScienceDirect with the inclusion of articles both in English and in Portuguese published between 1994 and 2019.Results: Diffuse traumatic lesion, severe lesions (Pediatric Glasgow Coma Scale score of 8 or less) and younger age at injury were identified as predictors of negative outcome in these children/adolescents’ neurodevelopment. Family and social environment, in which the child/adolescent is set, influences the functional recovery as well as the stress and the physical/emotional burden arising with the chronicity of the sequelae. Neurodevelopment level and skills set previous to the lesion, or it’s deficits, not only act as risk factors to the happening of the TBI but also are predictors of outcome, with pre TBI deficits associated with more sequelae, being these more notorious over emerging and developing skills at the moment of the insult. Neurodevelopment areas more frequently affected are language/communication, cognition, executive functions and behavior/social competence, with differences in the severity of their affection, as well as on the time of recovery. Rehabilitation tries to promote this children/adolescents’ reintegration and their recovery on the areas with greater difficulties. Conclusion: The occurrence of a TBI at pediatric age can bring important consequences on neurodevelopment and quality of life. The outcome both immediately and later on time will depend on several factors, that when analyzed together can point the domains that will more likely present deficits. From this factors’ interaction, some inherent to the child (age, pre-injury skills and neurodevelopment stage) and others external (lesion characteristics and family setting), results a heterogenous set, with it’s understanding essential to the establishment of follow-up strategies that fill both observed and foreseen needs.

Introdução: O traumatismo crânio-encefálico (TCE) representa em todo o mundo uma das principais causas de morbimortalidade em idade pediátrica e pode ter consequências a nível do neurodesenvolvimento, tanto imediatas como tardias. Estas alterações em vários domínios têm instalação e expressão muito heterogéneas.Objetivos: Descrever os preditores de prognóstico do TCE no neurodesenvolvimento; analisar a sua relação com o impacto nos diferentes domínios do neurodesenvolvimento; abordar a potencial reabilitação e proposta de protocolo de seguimento com base nos achados mais relevantes da literatura. Metodologia: Pesquisa bibliográfica em bases de dados eletrónicas, de ciências da saúde, nomeadamente PubMed, ClinicalKey e ScienceDirect, com a inclusão de artigos em português e inglês publicados entre 1994 e 2019.Resultados: A lesão traumática difusa, de maior gravidade (Score na Escala de Coma de Glasgow Pediátrica inferior ou igual a 8) e a idade mais baixa da criança foram identificados como preditores de impacto negativo no neurodesenvolvimento destas crianças/adolescentes. O ambiente familiar e social, no qual a criança/adolescente se insere, influencia a recuperação da funcionalidade e também o stress e sobrecarga física/emocional que podem surgir com a cronicidade das sequelas. As competências e nível de neurodesenvolvimento prévios à lesão, ou os seus défices, não são apenas fatores de risco para a ocorrência de um TCE, como são também preditores de prognóstico, com défices anteriores ao TCE associados a maiores sequelas, sendo estas mais evidentes nas competências emergentes e em desenvolvimento no momento do traumatismo. As áreas de neurodesenvolvimento mais frequentemente afetadas são as da linguagem/comunicação, cognição, funções executivas, comportamento/adequação social, sendo, contudo, distintas na gravidade com que são atingidas bem como no tempo de recuperação. A reabilitação procura promover a reintegração e recuperação da criança/adolescente nas áreas de maiores dificuldades.Conclusão: A ocorrência de um TCE em idade pediátrica pode acarretar importantes consequências a nível do neurodesenvolvimento e na qualidade de vida. O resultado tanto a curto como a longo prazo vai depender de inúmeros fatores, que quando analisados em conjunto permitem inferir os domínios que vão tendencialmente apresentar mais défices. Da interação destes fatores, alguns inerentes à criança (idade, competências pré-TCE e estado de neurodesenvolvimento prévio) e outros externos (características da lesão e ambiente familiar), vai resultar um quadro heterogéneo, sendo essencial a sua compreensão para que se possam estabelecer estratégias de seguimento que colmatem as necessidades tanto constatadas como previstas.