Avaliação do efeito do consumo de cafeína em doentes sob imunoterapia para cancro do pulmão

Abstract

Background: Lung cancer is the tumor causing the highest mortality rate worldwide, and its treatment remains challenging. Immunotherapy has recently emerged as an effective therapy and several studies have shown that A2AR (A2A adenosine receptors) have a protective effect on the tumor, suppressing and redirecting the anti-tumor response, enhancing the importance of blocking this mechanism in order to improve the effectiveness of immunotherapy. Caffeine is a natural and widely consumed antagonist of these receptors. As such, the aim of this study was to assess the effect of caffeine consumption on the response to immunotherapy for non-small cell lung cancer (NSCLC). Methods: In an observational cross-sectional study, questionnaires were conducted with 37 patients diagnosed with NSCLC under immunotherapy, followed at the Pulmonary Oncologic Day Clinic at Coimbra Hospital and University Centre (CHUC). Data on average daily caffeine consumption for several timespans, sex and age were recorded. By consulting the clinical process, the remaining data were obtained (date of diagnosis, staging, date of start of immunotherapy, immunotherapy regimen, expression of PDL1, previous exposure to chemotherapy and adverse events). The evaluation of the response to immunotherapy was performed considering the results of chest CT scans at 3, 6 and 12 months after the start of immunotherapy. Results: We observed a significant positive correlation between the immunotherapy regimen and the response to treatment at 3 and 12 months. Caffeine consumption showed no interference with the response to immunotherapy in our study. However, patients who respond to treatment have a higher numerical value of caffeine consumption. Particularly, we found a greater proportion of response at 12 months with higher average daily caffeine consumption during immunotherapy and during the last year. Conclusions: Although patients who responded to treatment had a higher numerical consumption of caffeine, during immunotherapy and last year, in our study, caffeine consumption showed no interference with the response to immunotherapy.

Introdução: O cancro do pulmão é o tumor com maior taxa de mortalidade a nível mundial, permanecendo o seu tratamento um desafio. A imunoterapia recentemente emergiu como uma terapia eficaz e vários estudos têm vindo a demonstrar que os A2AR (recetores de adenosina 2A) têm um efeito protetor sobre o tumor, suprimindo e redirecionando a resposta anti-tumoral, salientando a importância em bloquear este mecanismo, por forma a melhorar a eficácia da imunoterapia. A cafeína é um antagonista natural e amplamente consumido destes recetores. Como tal, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do consumo de cafeína na resposta à imunoterapia para o CPNPC (carcinoma do pulmão de não pequenas células). Métodos: Num estudo transversal observacional, realizaram-se inquéritos a 37 doentes com diagnóstico de CPNPC sob imunoterapia, seguidos no Hospital de Dia de Pneumologia Oncológica no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Foram registados dados sobre o consumo médio diário de cafeína em vários intervalos de tempo, sexo e idade. Por consulta do processo clínico, obtiveram-se os restantes dados (data de diagnóstico, estadiamento, data de início da imunoterapia, regime de imunoterapia, expressão de PDL1, exposição prévia a quimioterapia e efeitos adversos). A avaliação da resposta à imunoterapia foi realizada considerando os resultados das TC torácicas aos 3, 6 e 12 meses, após o início da imunoterapia. Resultados: Observámos uma correlação positiva significativa entre o regime de imunoterapia e a resposta ao tratamento aos 3 e 12 meses. O consumo de cafeína não interferiu com a resposta à imunoterapia no nosso estudo. No entanto, os doentes com resposta ao tratamento têm um valor numérico mais elevado de consumo de cafeína. Em particular, verificamos uma maior proporção de resposta ao tratamento aos 12 meses com consumos médios diários de cafeína mais elevados durante a imunoterapia e durante o último ano. Conclusões: Apesar dos doentes com resposta ao tratamento terem um maior consumo numérico de cafeína, durante a imunoterapia e durante o último ano, no nosso estudo, o consumo de cafeína não interferiu com a resposta à imunoterapia.