Consumo registado de álcool no ambiente de Medicina Geral e Familiar

Abstract

Introdução: O consumo de bebidas alcoólicas é prática corrente o que dificulta o reconhecimento de padrões de consumo excessivos ou mesmo patológicos. O conhecimento do consumo de álcool pela população permite melhor gestão dos recursos médicos ajustando a ajuda por parte dos cuidados de saúde. Objetivos: Avaliar o número de pessoas de ambos os sexos com a classificação ICPC2 de “Abuso crónico de álcool (P15)” na população da Região Geográfica da Administração Regional de Saúde do Centro, IP maior de 16 anos e menor ou igual a 99 anos de idade, em função do consumo de álcool em gramas por semana. Avaliar em função de re-classificação em função do consumo diário de, no sexo feminino mais que duas bebidas padrão e no sexo masculino mais que três bebidas padrão como a prevalência de “Abuso crónico de álcool (P15)” se mantinha. Métodos: Estudo observacional à data de 30 de dezembro de 2018, no universo dos inscritos em unidades de Cuidados de Saúde Primários da área de influência da Administração Regional de Saúde do Centro IP, com idade entre os 16 e os 99 anos, ambos inclusive, pelo conhecimento do consumo de gramas de álcool por semana, registado pelos médicos e calculados no programa S Clínico. Resultados: População de 1645046 indivíduos, 53,0%; n=871379 do sexo feminino, idade média de 51,9 anos com o grupo etário mais representado o de idades entre 41 e 64 anos 38,8%, n=638086. Para 2,3% dos indivíduos estava registado um consumo semanal de álcool superior ao recomendado para o sexo respetivo, mas apenas 1,9% foi classificado com abuso crónico de álcool pelo MGF (Código P15). Registou-se uma diferença média de 7,5 anos (p<.001) entre indivíduos com e sem o código P15 ativo, tendo esta diferença aumentado para 11,4 anos (p<.001) após a correção da classificação. Pelo cálculo de número de bebidas por dia o sexo masculino apresenta uma maior frequência de consumo superior ao recomendado (77,9%), enquanto o sexo feminino esteve associado a um maior consumo desconhecido e ao recomendado (53,7%). Discussão: O sexo masculino e a idade sendo identificados como fatores de risco independentes para o desenvolvimento de abuso alcoólico crónico o que implica um mais adaptado trabalho médico e populacional. Conclusão: Verificou-se subdiagnóstico do abuso crónico do álcool motivado por falhas no S Clínico propondo-se alterações no S Clínico para classificação por número de bebidas por dia segundo o sexo.

Background: Consumption of alcohol is a common practice, which makes it difficult to recognize excessive or even pathological drinking patterns. Knowledge of the population's consumption of alcohol enables better management of medical resources by adjusting aid from health care. Objectives: To evaluate the number of male and female people with the ICPC2 classification of “Chronic Alcohol Abuse (P15)” in the population of the Health Regional Administration of the Center, IP over 16 years and under 99 years of age, depending on alcohol consumption in grams per week. To assess by reclassification according to daily consumption, in females more than two standard drinks and in males more than three standard drinks how the prevalence of “Chronic Alcohol Abuse (P15)” was maintained. Methods: Observational study as of December 30, 2018, in the universe of those enrolled in Primary Health Care units in the area of influence of the Regional Health Administration of the IP Center, aged between 16 and 99 years, both including, by knowledge of grams of alcohol consumed per week, recorded by doctors and calculated in the S Clinical program. Results: Population of 1645046 individuals, 53.0%; n=871379 female, mean age 51.9 years with the most represented age group being between 41 and 64 years 38.8%, n=638086. For 2.3% of individuals, weekly alcohol consumption was higher than recommended for the respective sex, but only 1.9% was classified with chronic alcohol abuse by the MGF (Code P15). There was an average difference of 7.5 years (p<.001) between individuals with and without the active code P15, and this difference increased to 11.4 years (p<.001) after correction of the classification. By calculating the number of drinks per day, males had a higher frequency of drinking more than recommended (77.9%), while females were associated with higher unknown drinking consumption and higher frequency of drinking more than recommended (53.7%). Discussion: Male gender and age are identified as independent risk factors for the development of chronic alcohol abuse, which implies a better adapted medical and population work. Conclusion: There was under diagnosis of chronic alcohol abuse motivated by failures in the S Clinical, proposing changes in the S Clinical for classification by number of drinks per day according to gender.