Caso clínico: Carcinoma Neuroendócrino da Próstata

Abstract

O carcinoma neuroendócrino da próstata é uma neoplasia rara, que pode surgir concomitantemente com o adenocarcinoma ou de forma isolada, cuja agressividade e dificuldades diagnósticas e terapêuticas levam a que possua um prognóstico pouco favorável. Neste trabalho, retrata-se o caso de um paciente de 74 anos que se apresenta no CHUC, em janeiro de 2017, com diagnóstico de carcinoma da próstata com diferenciação neuroendócrina, realizado na Alemanha no ano anterior, e sob terapêutica hormonal com acetato de Abiraterona, associado a prednisolona, e com Denosumab, devido à existência de doença metastática associada, uma das várias opções de 1ª linha sugerida nas guidelines da European Association of Urology para o tratamento do carcinoma da próstata resistente à castração metastizado. Devido a progressão da doença após o tratamento em vigor, foi realizada quimioterapia com recurso a Cisplatina e Etopósido, esquema terapêutico utilizado no tratamento de neoplasias neuroendócrinas nomeadamente no caso do carcinoma de células pequenas do pulmão, mas com bons resultados na próstata, que também não apresentou a resposta esperada. O tratamento seguinte foi terapia com radionucleótido de recetores de peptídeos com recurso a Lutécio 177 Dotatate, um esquema emergente para o tratamento de tumores neuroendócrinos, que permitiu um controlo adequado da doença e um alívio da sintomatologia do doente.Após o término dos ciclos de tratamento, foi identificada nova progressão da doença, sendo que o esquema que foi definida a realização de quimioterapia com Docetaxel, uma das 2ª linhas sugeridas pelas guidelines da. Ainda antes de a iniciar, o doente teve de ser submetido a cirurgia de caráter paliativo com resseção transuretral da próstata devido a agravamento do quadro sintomatológico, adiando o início da quimioterapia. Assim, conclui-se que, apesar das estratégias terapêuticas existentes, não existe propriamente uma linha de tratamento claramente definida e eficaz neste tipo de tumores, estando as opções terapêuticas dependentes de vários fatores. É necessário recorrer, algumas vezes, a esquemas que não se encontram referidos nas guidelines de modo a tentar alcançar um controlo adequado e uma melhoria da qualidade de vida do paciente, como se verificou neste caso com o recurso ao tratamento com Lu 177 Dotatate.

Neuroendocrine prostate cancer is a rare neoplasm, which can appear with or without adenocarcinoma, whose aggressiveness and difficulties in the diagnose and therapeutics lead to a poor prognosis.In this work, we describe the case of a 74-year-old patient who presents at the urology department of CHUC, in january 2017, with a previous diagnosis of neuroendocrine prostate cancer, performed in the previous year in Germany, and under hormonal therapy with Abiraterone acetate, associated with prednisolone, and Denosumab, due to the existence of associated metastatic disease, one of the several first line options suggested by the European Association of Urology’s guidelines for the treatment of metastatic castration-resistant prostate carcinoma.Due to the lack of response to the previous treatment, chemotherapy was performed using Cisplatin and Etoposide protocol, a therapeutic regimen used in the treatment of neuroendocrine neoplasms, particularly in the case of small cell lung cancer, but with good results in the prostate, which also didn’t show the expected answer.The next treatment was peptide receptor radionucleotide therapy using Lutetium 177 Dotatate, an emerging scheme for the treatment of neuroendocrine tumors, which allowed for adequate control of the disease and relief of the patient's symptoms for a period of time.After the end of the treatment, a new disease progression was identified, and the scheme defined was one of the 2nd lines suggested by the UAE guidelines, chemotherapy using Docetaxel, an option considered after failure of hormonal therapy with Abiraterone acetate. Even before starting it, the patient had to undergo palliative surgery with transurethral ressection of the prostate due to the worsening of the symptoms, postponing the start of chemotherapy.Thus, it is concluded that, despite the existing therapeutic strategies, there is no fixed and effective treatment line, and the selection of these depends on several factors and has to be taken individually, sometimes using schemes that they are not mentioned in the guidelines in order to try to achieve adequate control and an improvement in the patient's quality of life.