Caracterização de peitoris, estado de conservação e estratégias de reabilitação

Abstract

Nos dias de hoje a reabilitação urbana é um tema da maior importância e atualidade em Portugal. A importância cultural, económica e social da conservação do património arquitetónico e urbano veio criar mecanismos que visam a suster e inverter o crescente movimento de deterioração do nosso parque habitacional até a esta parte. Tudo isto fruto da intensa degradação dos centros das cidades portuguesas, em particular o património histórico e cultural. Do ponto de vista europeu, encontramos uma realidade diferente, há muito tempo que existe uma enorme preocupação com a manutenção e reabilitação dos edifícios, sejam eles a nível particular, histórico ou cultural. Com o desenvolvimento de mecanismo, tais como a criação de comissões interdisciplinares e programas de salvaguarda, o crescimento sustentável das cidades surge de forma natural. O conjunto de operações tomadas veio garantir a reutilização do edificado existente, adaptando-se a exigências contemporâneas, estabelecendo assim um compromisso entre a sua identidade original e a que resulta da sua própria reabilitação. No que respeita a este tema dos países europeus, Portugal era o país que mais se desleixava quanto à reabilitação do parque habitacional, devido à tendência de mercado e especulação imobiliária dos anos 90, prevalecia a construção de novo ao invés de reconstruir/reabilitar o parque habitacional existente. O fato de Portugal não ter acompanhado a europa e assim não ativar mecanismos de forma criarem internamente políticas concertadas para a promoção e aproveitamento sistemático do parque edificado existente e da salvaguarda do património urbano colocou-nos de certa forma na cauda deste processo a nível europeu. No momento, a atividade de conservação e reabilitação em Portugal tem registado taxas de crescimento muito significativas, sobretudo devido a algumas alterações quer ao nível da economia do país, devido à crise que se instalou nos finais da primeira década de 2000, tendo afetado abruptamente a construção civil, em particular a construção nova, mesmo com a oportunidade de beneficiar das taxas de juro negativas no empréstimo a habitação. Por outro lado a iniciativa por parte dos particulares em reabilitar edifícios antigos e conservação/ manutenção de edifícios correntes em prol da procura de construção nova veio agitar o mercado dos imóveis usados, aumentando assim a procura pela compra desta tipologia de edifícios para investimento, com a finalidade direcionada em três vertentes, o da utilidade para fins próprios (habitação, comércio e/ou serviços),o do arrendamento de imóveis e um terceiro ligado a um novo conceito de alojamento turístico a preços mais atrativos, o alojamento local e o conceito hostel. Pela sua complexidade, a conservação do património, a regeneração urbana e em particular, a reabilitação das fachadas das construções, implicam uma componente técnica interdisciplinar e altamente especializada que urge promover e apoiar o nosso país. Apoio esse, que passa necessariamente pelo estabelecimento de políticas e de normas regulamentares que visem a promoção e o incentivo à reabilitação urbana e do edificado. Ao longo da vida dos edifícios, devem existir preocupações de manutenção e reabilitação, sendo as fachadas, e os elementos que ela pertencem tais como os revestimentos, os envidraçados, capeamentos e peitoris, componentes com bastante sensibilidade e que maior cuidado deverá merecer, uma vez que, se encontram mais expostas aos mecanismos de degradação sendo, por outro lado, a cara visível de uma construção.