Das experiências traumáticas de vergonha à ansiedade social: o papel mediador da vergonha e do autocriticismo e o papel moderador do crescimento pós-traumático

Abstract

Embora diversos estudos tenham abordado as memórias do impacto negativo das experiências precoces de vergonha, vergonha externa e autocriticismo na ansiedade social, nenhum estudou o crescimento pós traumático como moderador na relação entre as memórias do impacto traumático das experiencias precoces de vergonha e ansiedade social, nem todas estas variáveis em conjunto, particularmente os efeitos mediadores e moderadores. Deste modo, o presente estudo pretendeu avaliar as memórias do impacto negativo das experiências de vergonha precoces na explicação da AS, explorando o papel mediador da vergonha externa e autocriticismo nesta relação. O estudo transversal dispôs de duas amostras comunitárias: estudantes universitários (N= 357; M idade = 20.54; DP = 1.62) e adultos da população portuguesa (N = 180; M idade = M = 42,83; DP = 9.80). Em ambas as amostras, impacto traumático das experiencias precoces de vergonha, vergonha externa e autocriticismo são preditores significativos da ansiedade social, sendo que a vergonha externa e o autocriticismo funcionam ainda como mediadores da relação entre memórias do impacto traumático das experiencias precoces de vergonha e ansiedade social. Nesta relação o crescimento pós traumático assumiu-se como um moderador significativo para ambas as amostras, sendo que as correlações desta variável com impacto traumático das experiencias precoces, ansiedade social, vergonha externa e autocriticismo são positivas e significativas. Em termos clínicos, estes resultados salientam a importância de trabalhar não só a vergonha externa e autocriticismo na ansiedade social mas também as memórias das experiencias de vergonha na infância ou adolescência e o crescimento pós-traumático que pode ocorrer como resultado dos acontecimentos adversos.

Although multiple studies have approached the memories of negative impact of early shame experiences, external shame and self-criticism in social anxiety, none has studied neither the post traumatic growth as a moderator in the relationship between the memories of traumatic impact regarding early experiences of shame and social anxiety, nor all of the variables as a whole, particularly the mediating and moderating effects. Therefore, the present study intended to evaluate the memories of the negative impact of early shame experiences in the explanation of social anxiety, exploring the mediating role of external shame and self-criticism in this relationship. The cross-sectional study has laid out two communal samples: university students (N = 357; Mage = 20.54; SD = 1.62) and adults in the Portuguese population (N = 180; Mage = 42.83; SD = 9.80). In both samples, the traumatic impact of early shame experiences, external shame and self-criticism are all meaningful predictors of social anxiety, with external shame and self-criticism working as mediators of the relationship between memories of traumatic impact regarding early shame experiences and social anxiety. In this relationship, the posttraumatic growth has named itself a meaningful moderator to both samples, with the correlations of this variable with traumatic impact of early experiences, social anxiety, external shame and self-criticism being positive and meaningful. In clinical terms these results highlight the importance of working not only the external shame and self-criticism in social anxiety, but also the memories of experiences of childhood and teenage shame and the posttraumatic growth that can occur as a result of adverse events.