Como a perceção dos jovens atletas acerca das qualidades compassivas do treinador influencia o seu bem-estar psicológico e rendimento desportivo?

Abstract

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto que a perceção dos atletas acerca das qualidades compassivas do treinador tem na sua qualidade de vida psicológica e na perceção do rendimento individual, e o papel mediador das experiências de vergonha nesta relação. A amostra foi composta por 164 atletas adolescentes praticantes de desportos coletivos (com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos) que preencheram uma bateria de medidas de autorresposta através de uma plataforma online. Esta bateria abrangia um questionário sociodemográfico, a Compassionate Coach Scale (CCS), a External and Internal Shame Scale-athletes (EISS-athletes), a The Kidscreen-27 e a Spots Performance Perception Questionnaire (QPRD).De forma a explorar as caraterísticas da amostra foram realizadas estatísticas descritivas (médias e desvios-padrão). Além disso, de modo a examinar as associações entre as variáveis do estudo foram realizadas análises de correlações de Pearson e, por fim, foi realizada uma análise de vias, de modo a estimar as relações previstas no modelo proposto.Os resultados da análise de vias (análise path) confirmaram a adequabilidade do modelo, explicando 32% da variância da perceção do rendimento individual, 26% do bem-estar psicológico e 15% da variância da vergonha. Os resultados sugerem que a perceção dos atletas de qualidades compassivas do treinador se associa a menores níveis de vergonha no contexto desportivo, os quais explicam uma melhor qualidade de vida psicológica e perceção do seu rendimento desportivo.Os resultados do presente estudo salientam a importância da compaixão no contexto desportivo e a pertinência de intervenções com treinadores, de modo a desenvolver estas competências e, assim, ajudar os atletas não só em termos desportivos como também pessoais.

The present study aims to assess the impact that the athlete’s perception of coach’s compassionate qualities may have on their psychological quality of life and perception of individual performance, and the mediating role of shame experiences in this relationship. The sample consisted of 164 adolescent athletes, from collective sports (aged between 12 and 18 years old) who filled out a battery of self-answer measures on online platform. This battery includes a sociodemographic questionnaire, the Compassionate Coach Scale (CCS), the External and Internal Shame Scale (EISS athletes), The Kidscreen-27 and the Spots Performance Perception Questionnaire (QPRD).Descriptive statistics (means and standard deviations) were performed in order to examine the characteristics of the final sample. In addition, to examine the associations between the study variables, Pearson correlation analyses were performed and, finally, a path analyses were conducted in order to estimate the relationships predicted in the proposed model.The results of the path analysis confirmed the adequacy of the model, explaining 32% of the variance in the perception of individual performance, 26% of psychological well-being and 15% of the variance of shame. The results suggest that the athletes' perception of the coach's compassionate qualities is associated with lower levels of shame in the sports context, which explains a better psychological quality of life and perception of their sports performance.The results of the current study highlight the importance of compassion in the sports context and the relevance of interventions with coaches, in order to develop these qualities and, thus, help athletes not only on a sporting level but also in personal level.