Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/94364
Título: Do cruzamento de margens, fronteiras e linguagens: representações da marginalidade nas crônicas da imprensa brasileira e portuguesa
Autor: Souza, Tito Eugênio Santos
Orientador: Peixinho, Ana Teresa
Palavras-chave: crônica de imprensa; narrativa; atores sociais marginalizados; Brasil; Portugal; press chronicle; narrative; marginalised social actors; Brazil; Portugal
Data: 25-Jan-2021
Resumo: Uma vez considerada como texto de imprensa, parece haver um certo consenso de que a crônica é um gênero pouco ortodoxo do discurso jornalístico, sendo marcada pela confluência de diferentes manifestações discursivas (jornalísticas, literárias, historiográficas, etc.). Neste sentido, aquele que a escreve dispõe de um considerável grau de liberdade formal e temática, quer seja em termos de uso expressivo da linguagem, quer seja em termos de representação subjetiva da experiência humana. Com efeito, o cronista tanto pode fixar-se no pequeno detalhe do cotidiano como no fato aparentemente destituído de importância – em outras palavras, naquilo que não foi notícia. Desse modo, o cronista pode mesmo dedicar-se à abordagem de temas menos explorados ou pouco aprofundados pelo jornalismo convencional, incorporando à sua prática discursiva uma noção muito mais ampla de atualidade ou relevância. Entretanto, ao centrar-se no insólito ou marginal, a crônica muitas vezes põe em causa aquilo que havia sido excluído da esfera pública: ela torna visível o invisível, aquilo que os meios de comunicação e a historiografia oficial por vezes omitem ou apagam. Partindo dessa perspectiva, e tendo em conta o panorama da imprensa brasileira e portuguesa contemporâneas, o objetivo deste trabalho é precisamente o de refletir sobre o papel que este gênero possui na abordagem de temas menos explorados pelo jornalismo diário, nomeadamente a representação da experiência de atores sociais marginalizados – isto é, indivíduos ou grupos cujas experiências de vida estão “à margem” das representações socioculturais dominantes. Importa ressaltar, no entanto, que o conceito de marginalidade a que nos referimos ao longo deste estudo deve ser entendido não como uma categoria fixa e absoluta, substanciada na figura do marginal, mas como resultado de um processo complexo e relacional, circunscrito no tempo e no espaço, que põe em relevo diferentes fatores sociais e/ou elementos identitários – seja em termos de classe, gênero, etnia, raça, faixa etária, orientação sexual, etc. Assim, para efeito desta investigação, foram selecionados seis órgãos de comunicação social considerados de referência nos seus respectivos países de origem – da imprensa brasileira, os jornais O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e a revista Veja; da imprensa lusitana, os jornais Diário de Notícias, Público e a revista Visão –, tendo como marco temporal a última década do século XX e o primeiro decênio do século XXI. A nossa hipótese inicial de trabalho, a ser investigada a partir da leitura e da análise de um corpus composto de 100 textos de autores brasileiros e portugueses contemporâneos, é a de que a crônica muitas vezes permite dar voz àqueles que normalmente não a possuem na esfera pública, como é o caso de indivíduos ou grupos socialmente marginalizados.
After it came to be seen as a journalistic text, there seems to be a certain consensus that the chronicle is an unorthodox genre of journalistic discourse, one marked by a confluence of different types of discourse (journalistic, literary, historiographical, etc.). In this sense, a chronicle’s author has a considerable degree of formal and thematic freedom, be it in terms of an expressive use of language or in terms of the subjective representation of human experience. In effect, the chronicler can focus on the small details of everyday life, as well as on apparently unimportant facts – in other words, on subjects not reported in the news. The chronicler can therefore approach themes less explored by conventional journalism, incorporating a much broader notion of actuality or relevance into their discursive practices. However, by focusing on the unusual or marginal, the chronicle often highlights what had been excluded from the public sphere: it makes the invisible visible, what the media and official historiography sometimes omit or efface. The aim of this work, which takes into account the situation of the contemporary press in Brazil and in Portugal, is to specifically reflect on the role that this genre has in the approach of themes less explored by daily journalism, namely the representation of the experience of marginalised social actors – that is, individuals or groups whose life experiences are “on the margins” of the dominant socio-cultural representations. It is important to note, however, that the concept of marginality we refer to throughout this study must be understood not as a fixed and absolute category, inherent to the figure of the marginalised person, but as a result of a complex and relational process, limited in time and in space, which highlights different social factors and/or identity elements – class, gender, ethnicity, race, age group, sexual orientation, etc. Therefore, for the purpose of this research, six reference media were selected from the two countries – O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil (newspapers) and Veja (newsmagazine) from the Brazilian press; and from the Portuguese press, Diário de Notícias, Público (newspapers) and Visão (newsmagazine) –, published between the last decade of the 20th century and the first decade of the 21st century. Our initial working hypothesis, worked on from reading and analysing a corpus of 100 texts by contemporary Brazilian and Portuguese authors, is that the chronicle often gives voice to those people who normally do not have any voice in the public sphere, the situation of socially marginalised individuals or groups are in.
Descrição: Tese no âmbito do Doutoramento em Ciências da Comunicação apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/94364
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Teses de Doutoramento
FLUC Secção de Comunicação - Teses de Doutoramento

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