Tromboprofilaxia no octogenário com patologia aguda: intervenção no serviço de medicina interna. Um projeto de investigação.

Abstract

Introdução: O Tromboembolismo Venoso (TEV) é uma complicação frequente dos internamentos, contribuindo para morbimortalidade dos doentes. Apesar de ser consensual a recomendação para administração de terapêutica profilática antitrombótica, a seleção dos doentes a recebê-la não está protocolada. Materiais e métodos: Foram colhidos dados relativos a 100 doentes internados no serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra para aplicação da escala Padua Prediction Score (PPS). Através desta escala, que classifica o risco tromboembólico do doente, foi avaliada a adequação da instituição da terapêutica. Foram ainda recolhidos dados relativos a doses de anticoagulantes e avaliada a sua adequação com base na taxa de filtração glomerular estimada dos doentes. Por último, recolheram-se dados relativos a intercorrências no internamento. Resultados: Verificou-se que 56.0% dos doentes incluídos na amostra realizaram terapêutica profilática de acordo com a recomendação do PPS. A análise individual do grupo de doentes com indicação para tromboprofilaxia conclui que 19.4% não receberam esse tratamento. Do grupo com baixo risco de desenvolver TEV, portanto sem indicação, 82.1% recebeu tromboprofilaxia. A terapêutica profilática instituída foi enoxaparina sódica em todos os doentes da série, sendo que a dose foi superior ao recomendado em 6.5%, atendendo à função renal individual. Não foram registados eventos trombóticos ou hemorrágicos durante os internamentos. Discussão: A aplicação do PPS na amostra permitiu aferir que existem casos de sub e sobreprescrição de anticoagulação profilática, com prejuízo para o doente e serviço hospitalar. Conclusão: É imperativo adequar a instituição desta terapêutica ao risco individual do doente, evitar a iatrogenia e oferecer cuidados de saúde personalizados.

Introduction: Venous Thromboembolism (VTE) is a common complication during hospitalization, increasing morbidity and mortality rates. Even though the recommendation for thromboprophylaxis with anticoagulants is consensual, there’s no official protocol for the assessment of patients and decision to start treatment. Materials and Methods: Data from 100 patients admitted in the Internal Medicine department of Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra were collected and the Padua Prediction Score (PPS) was used to calculate their risk of developing VTE. Prescription of prophylactic treatment was then compared to such score to evaluate the adequacy. The dosage of anticoagulant administered was also evaluated considering each patient’s estimated glomerular filtration rate. Lastly, complications during the hospital stay were registered. Results: 56.0% of patients received prophylactic treatment in accordance with PPS’ recommendation. Individual analysis of the high risk group of patients concluded that 19.4% did not receive treatment despite such recommendation. 82.1% of low risk patients received prophylactic anticoagulation. The pharmacological prophylaxis was done with enoxaparin in all the patients, 6.5% of which receive a higher dosage than recommended according to their renal function. There are no records of the development of haemorrhagic or thrombotic events. Discussion: In this series, the application of the PPS concluded that there are both cases of under and over prescription of prophylactic anticoagulation, with possible harm to the patient and the hospital. Conclusion: It’s of paramount importance to adjust this treatment’s prescription to the patient’s individual risk of VTE in order to avoid iatrogenic complications and provide personal health care.