Relação entre HbA1c e Autocontrolo das Glicémias Capilares em Diabéticos Tipo 2

Abstract

Com este estudo pretendeu-se avaliar a influência da automonitorização das glicémias capilares em três grupos de doentes com diabetes tipo 2 (os insulinotratados, os medicados com antidiabéticos orais e os com terapêutica combinada) e sua relação com a hemoglobina glicada (HbA1c). Foram contabilizadas as pesquisas capilares dos glucómetros de 117 doentes nos 30 dias prévios à vinda à consulta na unidade de diabetes do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV). As características sociodemográficas: idade, género , área de residência, agregado familiar e escolaridade foram avaliadas e comparadas nos 3 grupos. Os resultados foram surpreendentes pois não demonstraram qualquer associação estatisticamente significativa entre a HbA1c e a frequência de glicémias capilares em nenhum dos 3 grupos. Estes dados são diferentes daqueles que sabemos serem verdadeiros para os doentes com diabetes tipo 1 em que o nível de controlo glicémico se associa à frequência de automonitorização. Na avaliação dos dados sociodemográficos ao contrário do expectável, a área de residência, o viver sozinho e a escolaridade não influenciaram o valor de HbA1c .Estes resultados questionam o papel da influência da monitorização glicémica no controlo metabólico em pessoas com diabetes tipo 2. Podemos assim concluir que a vigilância da glicémia capilar isoladamente tem um valor limitado. Existe uma necessidade evidente de melhorar a educação terapêutica do doente com diabetes tipo 2 com o objectivo de o capacitar para uma utilização mais interventiva da informação obtida através da glicémia capilar no ajuste terapêutico.

The aim of this study was to evaluate the influence of self-monitoring of capillary glycemia in three groups of patients with type 2 diabetes (insulinotrated, treated with oral antidiabetics and those with combination therapy) and its relation with glycated hemoglobin (HbA1c). There were evaluated the the capillary glycemic observed in the glucometer in the 30 days prior to the visit to the diabetes center of the Tondela-Viseu Hospital Center (CHTV). The sociodemographic characteristics: age, gender, area of residence, household and schooling were evaluated and compared in the 3 groups.The results were surprising because they did not demonstrate any statistically significant association between HbA1c and the frequency of capillary glycemia in any of the 3 groups. These data are different from those we know to be true for patients with type 1 diabetes where the level of glycemic control is associated with the frequency of self-monitoring. In the evaluation of sociodemographic data, contrary to what was expected, the area of residence, living alone and schooling did not influence the value of HbA1c.These results question the role of the influence of glycemic monitoring on metabolic control in people with type 2 diabetes. We can therefore conclude that monitoring of capillary glycemia alone is of limited value. There is a clear need to improve the therapeutic education of the patient with type 2 diabetes in order to enable a more interventional use of the information obtained through capillary glycemia in the therapeutic adjustment.