Feedback negativo explícito versus implícito na Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson (versão 1): estudo em jovens que cometeram o primeiro crime

Abstract

O objetivo deste estudo consiste em analisar a influência da forma como é comunicado o feedback negativo (explícito versus implícito) sobre a sugestionabilidade interrogativa (SI) e, ainda, perceber qual o efeito de traços de personalidade, auto-estima, auto-conceito, não conformidade/resistência psicológica e impulsividade neste tipo de sugestionabilidade. A amostra é constituída por 40 jovens, entre os 12 e os 16 anos, maioritariamente do sexo masculino, que tiveram um primeiro contacto com a Justiça (processo tutelar educativo), sendo os crimes cometidos os seguintes: furto, crime contra a integridade física, crime de dano, crime de difamação, calúnia e injúria e crime sexual – chantagem e partilha/divulgação de conteúdos sexuais de outrem. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente por dois grupos (com 20 participantes cada): no grupo de controlo foi utilizado feedback negativo explícito e no grupo experimental feedback negativo implícito. Foram administrados a ambos os grupos, além da versão 1 da Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson (GSS 1), os seguintes instrumentos: Questionário de Personalidade de Eysenck (versão Júnior), Escala de Auto-estima de Rosenberg, Escala de Auto-conceito de Piers-Harris, Escala de Resistência Psicológica de Hong e Escala de Impulsividade de Barratt (BIS 11-C). Observou-se que o feedback negativo explícito, tal como é proposto no manual da GSS, influencia mais a sugestionabilidade do que se for transmitido implicitamente. Quanto às correlações entre as variáveis acima enumeradas, não se encontraram valores estatisticamente significativos exceto para Mentira e Cedência 1, em que foi encontrada uma correlação positiva. Deverão ser realizadas mais investigações com estas variáveis em amostras representativas e, em particular, averiguar se o aumento na SI decorrente de feedback negativo explícito tem um significado importante na prática forense.

The aim of this study is to analyze the influence of negative explicit versus implicit feedback on interrogative suggestibility (IS) and also to perceive the effect of personality traits, self-esteem, self-concept, non-compliance/psychological resistance and impulsiveness on this type of suggestibility.The sample is composed of 40 teenagers, aged between 12 and 16, mostly male, who had a first contact with Justice (educational tutelary process) and committed the following crimes: theft, crime against physical integrity, crime of damage, crime of defamation, slander and libel and sexual crime - blackmail and sharing / disclosure of sexual content of others. The participants were randomly assigned to two groups (with 20 participants each): in the control group was applied the explicit negative feedback and in the experimental group was used the implicit negative feedback. The following instruments were administered to both groups, besides version 1 of the Gudjonsson Suggestibility Scale (GSS 1): Eysenck Personality Questionnaire (Junior version), Rosenberg Self-esteem Scale, Self-concept Scale of Piers-Harris, Hong Psychological Resistance Scale, and Barratt Impulsiveness Scale (BIS 11-C).It was observed that explicit negative feedback, as proposed in the GSS manual, influences suggestibility more than if it is implicitly transmitted. As for the correlations between the variables listed above, no statistically significant values were found except for Lie and Yield 1, where a positive correlation was found. Further investigations with these variables should be performed on representative samples and, in particular, it is relevant to analyse if the increase in IS resulting from explicit negative feedback has an important significance in forensic practice.