Quando os filhos emigram. Impacto em conjugalidades com mais de vinte anos.

Abstract

O presente estudo pretende perceber o possível impacto da emigração que ocorre no subsistema filial na perceção de cônjuges com conjugalidades de mais de vinte anos. O protocolo foi aplicado a uma amostra de 127 sujeitos e é composto por um Questionário Sociodemográfico e de Dados Complementares, pela Escala de Enriquecimento e Desenvolvimento Conjugal, Comunicação e Felicidade – ENRICH (Lourenço & Relvas, 2003) e pela Escala de Ajustamento Mútuo – DAS/EAM (Lourenço & Relvas, 2003). Analisando os resultados, o nosso estudo indica maiores níveis de coesão mútua percecionados por cônjuges com pelo menos um filho emigrado. Um maior nível de coesão mútua parece também estar associado a cônjuges com idades compreendidas entre os 57 e os 70 anos. Encontrámos perceções mais positivas relativas a dimensões como idealização, satisfação, gestão financeira e atividades de lazer (ENRICH) na variável “duração da emigração” – dos dois aos cinco anos. As mesmas dimensões apresentam níveis significativamente mais baixos quando a emigração tem uma duração igual ou superior a seis anos. A emigração apresenta uma relevância cada vez mais evidente nos dias de hoje e o impacto da emigração dos filhos na conjugalidade dos pais é um fenómeno que carece de investigações, conjuntura que deu origem a este trabalho. Este estudo introduz uma novidade a este nível e os dados aqui apresentados podem ser úteis para futuras investigações. É notável a presença de recursos por parte dos elementos da díade e mostra-se pertinente o aprofundamento desta temática.

The present study intends to understand the possible impact of the emigration that occurs in the filial subsystem in the perception of spouses with conjugalities of more than twenty years. The protocol was applied to a sample of 127 subjects and is composed of a Sociodemographic and Complementary Data Questionnaire, Enriching & Nurturing Relationship Issues, Communication & Happiness Scale – ENRICH (Lourenço & Relvas, 2003) and Dyadic Adjustment Scale – DAS (Lourenço & Relvas, 2003). By analyzing the results, our study indicates higher levels of perceived dyadic cohesion by spouses with at least one emigrated child. A higher level of dyadic cohesion also appears to be associated with spouses with ages between the range of 57 and 70 years. We found more positive perceptions regarding dimensions such as idealistic distortion, satisfaction, financial management and leisure activities (ENRICH) in the variable “duration of emigration” – from two to five years. The same dimensions have significantly lower levels when emigration lasts for six years or more. Emigration is becoming more and more evident nowadays and the impact of the emigration of children in the conjugality of parents is a phenomenon that needs to be investigated, a situation that gave rise to this work. This study introduces a novelty at this level and the data presented here may be useful for future investigations. Is is notable the presence of resources by the elements of the dyad and it is pertinent to deepen this theme.