Perceção do Impacto de ser Cuidador informal na Vivência da Conjugalidade

Abstract

Ser cuidador informal acarreta uma série de influências em diversos domínios da vida do sujeito, como é caso da conjugalidade. O presente estudo pretende explorar algumas dessas influências ao nível do funcionamento conjugal (ENRICH) e ajustamento mútuo (DAS). Para tal, foi recolhida uma amostra no total de 115 sujeitos onde 60 não eram cuidadores e os restantes 55 tinham, pelo menos, um dos elementos da díade a desempenhar funções de cuidador informal. Foi aplicado um protocolo constituído por um questionário de dados sociodemográficos e complementares e as versões portuguesas do ENRICH e DAS, ambas adaptadas e validadas por Lourenço e Relvas, em 2003. Os resultados sugerem que os cuidadores apresentam valores significativamente mais baixos de igualdade de papéis e expressão afetiva. Outras diferenças foram ainda detetadas dentro da subamostra de cuidadores, nomeadamente quanto ao sexo (onde os homens apresentam valores mais elevados de satisfação mútua e no total da DAS), à duração da prestação de cuidados (onde se verificou que, após os seis anos, o ajustamento mútuo apresenta valores mais elevado - consenso mútuo, expressão afetiva e total DAS -, e, dos 3 aos 5 anos, este apresenta valores mais reduzidos) e a quem são prestados os cuidados (sendo que, quando os cuidados são prestados a pais/sogros, parece haver uma fragilidade relativamente à resolução de conflitos e expressão afetiva). Deste modo, parece haver um impacto negativo no funcionamento conjugal e no ajustamento mútuo da prestação de cuidados informais, o que aumenta a vulnerabilidade do estado de saúde dos cuidadores, justificando assim a criação de programas de apoio junto desta população.

Being an informal caregiver influences several aspects of the subject’s life, including the conjugality. This study intends to explore some of these influences, namely when it relates to the conjugal functioning (ENRICH) and dyadic adjustment (DAS). A sample of 115 subjects was gathered, of which 60 were not caregivers and the remaining 55 had, at least, one informal caregiver as part of the couple. For the purposes of this study, a protocol with a questionnaire of sociodemographic and complementary data, along with the Portuguese versions of ENRICH and DAS, both adapted by Lourenço and Relvas in 2003, was selected. Results suggest that caregivers show significantly lower values of equalitarian roles and affectional expression. Other differences were also detected within the caregiver subsample, namely regarding sex (where men had a higher level of dyadic satisfaction and in the DAS total), caregiving duration (after six years, the dyadic adjustment – dyadic consensus, affectional expression and DAS total – had higher values, whilst from 3 to 5 years, it had lower values) and to whom the care is given (when the informal care is given to parents/in-laws, there seems to be a fragility when it comes to resolving conflict and expressing emotions). All in all, there seems to be a negative impact in the conjugal functionig and dyadic adjustment when it comes to informal caregiving, with increases the vulnerability of the health condition of the caregivers, which justifies the establishment of support systems within this population.