Aproveitamento de resíduos de casca de ovo para incorporação em argamassas

Abstract

Os resíduos sólidos resultantes da indústria alimentar constituem um dos maiores problemas ambientais que se enfrenta no século XXI. O aumento da população cria pressão para que sejam produzidos cada vez mais bens alimentares, o que por sua vez gera mais resíduos que têm como fim do seu ciclo de vida a deposição em aterro. Desta forma, o ‘Plano Nacional de Gestão de Resíduos 2011-2020’, que culmina na publicação em Diário da República do Decreto-Lei 178/2006 de 5 de setembro, com alterações do DL n.º 73/2011, de 17/06 vem colmatar esta falha existente na gestão de resíduos. O decreto-lei responsabiliza os produtores de resíduos pelo seu destino final e custos de gestão e transporte. Assim, é encorajada uma gestão que visa o desenvolvimento sustentável, procurando alternativas no sentido de que, qualquer que seja a atividade industrial, não apresente um impacto ambiental negativo. Surgem desta forma oportunidades de aprofundar conhecimentos, valorizar subprodutos através da sua transformação em novos produtos e geram-se lucros com resíduos que, de outra forma, seriam uma despesa.As paredes exteriores são os elementos que se encontram mais expostos às ações externas, sendo por isso os elementos que se encontram mais sujeitos a degradação. Deste modo, estes revestimentos devem cumprir critérios de resistência e estabilidade mecânica, impermeabilização em relação aos agentes climáticos e às ações externas, isolamento, não descurando a parte estética, igualmente importante num revestimento exterior.O estudo apresentado, que contou com a colaboração institucional do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Ciências da Construção (ITeCons), onde foi realizada toda a campanha experimental, tem como objetivo aferir a vantagem e viabilidade da incorporação de casca de ovo em argamassas. O estudo do comportamento de argamassas de cal hidráulica natural e de cimento com incorporação de casca de ovo compreendeu um conjunto de ensaios que permitem avaliar o seu desempenho e concluir se as argamassas em causa respeitam os requisitos exigidos pela norma de especificação EN 998-1, relativa à marcação CE de argamassas de reboco.

Solid waste resulting from the food industry is one of the major environmental problems facing the 21st century. Rising population creates pressure for more food to be produced, which in turn generates more waste. Thus, the 'National Plan for Waste Management 2011-2020', which culminates in the publication in ‘Diário da República’ of Decree-Law 178/2006 of September 5, with amendments of DL no. 73/2011, of 17 / 06 addresses this existing waste management failure. The decree-law makes waste producers responsible for their final destination and costs of management and transportation. Thus, encouraging management to aim at sustainable development, seeking alternatives in the sense that, whatever the industrial activity, does not present a negative environmental impact. In this way, opportunities arise to deepen knowledge, to value by-products through their transformation into new products and to generate profits with waste that would otherwise be an expense.The outer walls are the elements that are most exposed to external actions, being therefore those who are more subject to degradation. Thus, these coatings must meet criteria of resistance and mechanical stability, waterproofing in relation to climatic agents and external actions, insulation, not neglecting the aesthetic part, equally important in an outer coating.The present study, with the institutional collaboration of the Institute of Research and Development in Construction Sciences (ITeCons), where the entire experimental campaign was carried out, aims to assess the advantage and feasibility of the incorporation of egg shell in mortars.The study of the behavior of natural hydraulic lime mortars and cement with egg shell incorporation comprised a set of tests that allow to evaluate its performance and to conclude if the mortars in question comply with the requirements required by specification norm EN 998-1, relating to the CE marking of plaster mortars.