Lentes intraoculares tóricas - Estudo comparativo de dois modelos: Acrysof toric e enVista toric

Abstract

Objetivo: Analisar e comparar os outcomes clínicos, eficácia, segurança e estabilidade rotacional, de dois modelos de lentes intraoculares (LIO) tóricas: Acrysof® IQ toric e enVista® toric, implantadas durante a cirurgia de catarata.Local: Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra (CRIO-CHUC).Desenho: Estudo retrospetivo observacional.Métodos: Foram incluídos 80 doentes submetidos a cirurgia de catarata, em que dado apresentarem astigmatismo corneano ≥1,50 D foi implantada LIO tórica (40 olhos com LIO Acrysof® IQ toric e 40 olhos com LIO enVista® toric). Foram recolhidos para análise os dados obtidos nas consultas do pré-operatório e aos 6 meses pós-operatório: acuidade visual não-corrigida (AVNC), melhor acuidade visual corrigida (MAVC), refração (esfera e cilindro) e o desvio da lente em relação ao ângulo de colocação primário.Resultados: No pré-operatório, a refração cilíndrica média era 2,43±1,31 D, a AVNC média 0,96±0,31 logMAR e a MAVC média 0,52±0,36 logMAR. No pós-operatório observou-se uma AVNC média de 0,19±0,24 logMAR e MAVC média de 0,07±0,19 logMAR. A AVNC pós-operatória foi ≤0,1 logMAR em 55% do total dos olhos [47,5% daqueles com LIO Acrysof® IQ toric e em 62,5% daqueles com LIO enVista® toric, diferença essa que não foi estatisticamente significativa (p=0,158)]. A potência esférica diminuiu em todos os doentes, após a cirurgia, para um valor médio de 0,63±0,49 D e foi estatisticamente significativo comparado com o valor médio pré-operatório (p<0,001). O valor médio do cilindro diminuiu em todos os doentes de 2,43±1,31 D para 0,89±0,65 D, após a cirurgia, sendo as diferenças estatisticamente significativas para ambas as lentes (p<0,001). Aos 6 meses de pós-operatório, o astigmatismo era ≤1,0 D em 70% dos doentes com LIO Acrysof® IQ toric e em 75% dos doentes com a LIO enVista® toric. O desvio médio do eixo foi 1,39±3,10° no total dos doentes (mínimo de 0° e máximo 13°). Nos olhos implantados com LIO Acrysof® IQ toric, o desvio médio do eixo foi de 1,08±2,74° e nos implantados com a LIO enVista® toric foi de 1,73±3,45°, não havendo diferença estatisticamente significativa (p=0,358). Foi notável uma rotação da LIO ≤5° em 95% e em 90% dos olhos implantados com LIO Acrysof® IQ toric e com LIO enVista® toric, respetivamente, e uma rotação superior a 10° foi observada apenas em 2,5% dos olhos implantados quer com a LIO enVista® toric, quer com a LIO Acrysof® IQ toric. A reportar, houve 3 casos de endpoints negativos na LIO enVista® toric que sofreram rotações de 20° a 30°, nas primeiras semanas, tendo sido submetidos a cirurgia de reposicionamento da LIO tórica.Conclusão: Ambas as LIO tóricas (Acrysof® IQ toric e enVista® toric) proporcionam uma melhoria, estatisticamente significativa, quer da acuidade visual (corrigida e não-corrigida), quer da potência esférica, quer da cilíndrica. Apesar de não ter havido diferenças estatisticamente significativas, aos 6 meses, relativamente à estabilidade rotacional entre as LIO tóricas em estudo, observou-se não só um maior número de casos de rotação, como também maiores desvios do eixo, com a LIO enVista® toric.

Objective: To analyze and compare the clinical outcomes, efficacy, safety and rotational stability of two models of toric intraocular lenses (IOLs) implanted during cataract surgery: Acrysof® IQ toric and enVista® toric.Place of research: Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra (CRIO-CHUC).Design: Retrospective observational case study.Methods: Eighty patients, undergoing cataract surgery were included, who had a corneal astigmatism ≥1.50 D were implanted with toric IOLs (40 eyes with Acrysof® IQ toric IOL and 40 eyes with IOL enVista® toric). The data obtained in the preoperative and 6 months postoperative consultations collected for analysis were: uncorrected visual acuity (UCVA), best corrected visual acuity (BCVA), refraction (spherical and cylindrical) and lens deviation from the primary placement angle.Results: In the preoperative period, the mean cylindrical refraction was 2.43±1.31 D, mean UCVA 0.96±0.31 logMAR and mean BCVA 0.52±0.36 logMAR. A mean UCVA of 0.19±0.24 logMAR and mean BCVA of 0.07±0.19 logMAR was observed postoperatively. The postoperative UCVA was ≤0.1 logMAR in 55% of the total eyes [47.5% of those with Acrysof® IQ toric and 62.5% of those with enVista® toric IOLs, a difference that was not statistically significant (p=0.158)]. Spherical power decreased in all patients after surgery to an average value of 0.63±0.49 D and was statistically significant compared to the mean preoperative value (p<0.001). The mean value of the cylinder decreased in all patients from 2.43±1.31 D to 0.89 ± 0.65 D after surgery, statistically significant for both lenses (p<0.001). At 6 months postoperatively, astigmatism was ≤1.0 D in 70% for Acrysof® IQ toric IOLs and 75% for enVista® toric. The mean axis deviation was 1.39±3.10° considering the total of eyes studied (minimum 0° and maximum 13°). For the eyes implanted with Acrysof® IQ toric IOLs, the mean axis deviation was 1.08±2.74° and in those implanted with the enVista® toric IOLs was 1.73±3.45°, and no statistically significant difference was verified (p=0.358). An IOLs rotation ≤5° was seen in 95% and 90% of eyes implanted with Acrysof® IQ toric IOLs and IOLs enVista® toric, respectively, and a rotation greater than 10° was observed in only 2.5% of eyes implanted either with the IOLs enVista® toric or with the IOLs Acrysof® IQ toric. To report, there were 3 cases of negative endpoints in the enVista® toric IOLs that showed rotations of 20° to 30° in the first weeks, and underwent surgery for IOLs reposition.Conclusion: IOLs Acrysof® IQ toric and enVista® toric provided a statistically significant improvement in both corrected and uncorrected visual acuity and in both spherical and cylindrical power. Although there were no statistically significant differences in the rotational stability between the studied IOLs, at 6 months postoperatively, we observed not only a greater number of cases of rotation, but also greater axis deviations with the enVista® toric IOLs.