O Impacto de Fatores Sociodemográficos, Clínicos e Hábitos Toxicológicos sobre a Satisfação Sexual do Doente com Diabetes Mellitus tipo 2

Abstract

Introdução: A diabetes mellitus apresenta um impacto negativo sobre a saúde sexual dos doentes, inclusive sobre a satisfação sexual. A falha no reconhecimento e na abordagem dos seus problemas sexuais, contribui para uma diminuição na qualidade de vida e menor aceitação do diagnóstico.Objetivos: Os objetivos deste estudo foram determinar a prevalência de insatisfação sexual e averiguar quais os fatores que influenciam a mesma.Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo transversal observacional, com a colheita de dados realizada através de questionários em papel, elaborados após revisão da literatura, que abordavam a satisfação sexual e fatores que a possam influenciar, com recurso à escala Medida Global de Satisfação Sexual (GMSEX). Foram aplicados em 4 Unidades Funcionais da região Centro de Portugal, entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018. A população foi constituída por doentes com diabetes mellitus tipo 2, com mais de 18 anos e numa relação heterossexual. Os dados foram analisados recorrendo ao software estatístico SPSS, versão 24.0, tendo sido realizada estatística descritiva e inferencial (Teste T-student, Mann-Whitney, ANOVA e Kruskal-Wallis).Resultados: Obtivemos 47 questionários válidos. A média de idades foi de 65±11 anos, sendo 74,5% do sexo masculino. Verificou-se uma prevalência de insatisfação sexual de 29,8%. Quanto à satisfação sexual, verificou-se que ser do sexo masculino (r=0,048), realizar menor número de terapêuticas não antidiabéticas (r=0,027), ter menor número de complicações da diabetes mellitus (r=0,014) e ausência de disfunções sexuais (r=0,025) se associa a maior satisfação sexual.Discussão e Conclusão: As limitações deste estudo incluem o reduzido tamanho da amostra, o que limita a potência estatística e não permite a generalização dos resultados, e também o facto do estudo ser transversal, não se podendo inferir causalidade. O ponto forte deste trabalho assenta no facto de ser original e pertinente. Conclui-se que ser do sexo feminino, realizar de >2 terapêuticas não antidiabéticas, apresentar complicações da diabetes mellitus e disfunções sexuais se associa a maior insatisfação sexual. Ao médico de família incumbe evitar a polimedicação, prevenir as complicações da diabetes mellitus e disfunções sexuais, e promover os autocuidados através da consciencialização dos impactos negativos da diabetes sobre a satisfação sexual. Serão necessários mais estudos para aferir se estes fatores podem influenciar para a satisfação sexual.

Introduction: Diabetes mellitus has a negative impact on the sexual health of the patients, including on their sexual satisfaction. Failure to recognize and approach their sexual problems contributes to a decrease in the quality of life and less acceptance of the diagnosis. Objectives: The aims of this study were to determine the prevalence of sexual dissatisfaction and to study the factors that influence it.Materials and Methods: An observational cross-sectional study was accomplished, with data collection through the use of paper questionnaires, elaborated after review of the literature, which approached sexual satisfaction and factors that may influence it, using the Global Measure of Sexual Satisfaction (GMSEX) scale. They were applied in 4 functional units of the central region of Portugal between December 2017 and February 2018. The population included patients with type 2 diabetes mellitus, over 18 years of age and in a heterosexual relationship. Data was analyzed using statistical software SPSS, version 24.0, and descriptive and inferential statistics (Student's T-test, Mann-Whitney, ANOVA and Kruskal- Wallis) were performed.Results: We obtained 47 valid questionnaires. The mean age was 65±11 years, being 74.5% male. There was a prevalence of sexual dissatisfaction of 29.8%. Regarding sexual satisfaction, it was found that being male (r=0.048), taking a lower number of non- antidiabetic drugs (r=0.027), having fewer complications of diabetes mellitus (r=0.014) and absence of sexual dysfunction (r=0.025) is associated with higher sexual satisfaction. Discussion and Conclusion: This study’s limitations include the small sample size, which limits the statistical power and does not allow the generalization of the results, and also because the study is transversal, it is difficult to infer causality. The work’s strength is that it is original and relevant. We conclude that being female, taking non-antidiabetic drugs, having diabetes mellitus complications and sexual dysfunctions is associated with greater sexual dissatisfaction. The family doctor is responsible for avoiding polymedication, preventing complications of diabetes mellitus and sexual dysfunction, and promoting self-care by raising awareness of the negative impacts of diabetes on sexual satisfaction. Further studies will be needed to gauge whether these factors may influence sexual satisfaction.