Literacia em Saúde e Adesão à Terapêutica na diabetes: estudo exploratório em Portugal

Abstract

Introdução: A Diabetes mellitus tipo 2 é uma patologia crónica, prevalente na população portuguesa e que representa uma fração significativa dos custos em saúde. Sabendo que a adesão à terapêutica implica compreensão e capacidade de lidar com a doença e reduz as complicações e hospitalizações, torna-se pertinente perceber de que modo se relaciona com a literacia em saúde. Objetivo: O objetivo deste estudo é determinar a relação entre a literacia em saúde e a adesão à terapêutica farmacológica e não farmacológica da pessoa com diabetes. Secundariamente, pretende-se perceber a influência de variáveis sociodemográficas e de número de medicamentos tomados nesta relação. Materiais e métodos: Estudo transversal observacional com intuito exploratório recorrendo a amostra de conveniência em 3 regiões do país, com recolha de dados sociodemográficos e aplicação de escalas validadas - literacia em saúde e atividades de auto-cuidado com a diabetes. Do processo clínico recolheu-se o último valor de hemoglobina glicada e a medicação crónica. Analisou-se a associação entre literacia em saúde e adesão à terapêutica, através dos testes de Spearman e de Mann-Whitney, e realizou-se a análise de regressão logística, em modo backward conditional, para avaliar se a relação entre adesão à terapêutica e literacia em saúde é ou não independente das outras variáveis em estudo. Resultados: Amostra de n=115 pessoas com Diabetes mellitus tipo 2, sendo maioritariamente homens com 65 ± 9,9 anos. Observou-se que literacia em saúde adequada se relaciona com maior adesão aos cuidados com os pés e maior adesão à terapêutica não farmacológica, bem como com idade inferior e maior nível socioeconómico. Encontrou-se correlação estatisticamente significativa entre literacia em saúde e maior adesão à terapêutica não farmacológica (risco relativo=1,046; p=0,027). Discussão: A relação entre melhor literacia em saúde e maior adesão à terapêutica pode dever-se à maior capacidade de lidar com as implicações do quotidiano. Conhecer as características da pessoa com Diabetes mellitus tipo 2 permite perceber em que sentido devem evoluir as políticas de saúde em Portugal. As principais limitações do estudo são: o facto de a amostra ser de conveniência e de tamanho pequeno e a escala de literacia utilizada não envolver conhecimentos de numeracia.Conclusão: Por cada dia, por semana, a mais de adesão à terapêutica não farmacológica aumenta 4,6% a probabilidade de ter uma literacia em saúde adequada, independentemente do índice socioeconómico.

Introduction: Diabetes mellitus type 2 is a chronic condition, prevalent in the Portuguese population, and represents a significant fraction of health costs. Knowing that adherence to therapy implies understanding and capacity to deal with the disease and reduces complications and hospitalizations, it becomes pertinent to understand how it relates to health literacy. The objective of this study is to determine the relationship between health literacy and adherence to pharmacological and non-pharmacological therapy of people with diabetes. Secondly, we intend to understand the influence of sociodemographic variables and the number of medications taken in this relation. Material and methods: Observational cross-sectional study with exploratory intent using convenience sample in 3 regions of the country, sociodemographic data collection and application of validated scales - health literacy and self-care activities with diabetes. The last value of glycated hemoglobin and chronic medication were collected from the clinical process. The association between health literacy and adherence to therapy was analyzed using the Spearman and Mann-Whitney tests and a logistic regression analysis was performed in a backward conditional mode to assess whether the relationship between adherence to therapy and health literacy is independent of the other variables under study. Results: Sample of n = 115 people with Type 2 Diabetes mellitus, being mostly men with 65 ± 9.9 years. It was observed that adequate health literacy is related to greater adherence to foot care and greater adherence to non-pharmacological therapy, as well as lower age and higher socioeconomic status. There was a statistically significant correlation between health literacy and greater adherence to non-pharmacological therapy (relative risk = 1.046; p = 0.027). Discussion: The relationship between better health literacy and adherence to therapy may be due to the greater capacity to deal with the implications of everyday life. Knowing the characteristics of the person with Diabetes mellitus type 2 allows to understand in what direction the health policies in Portugal should evolve. The main limitations of the study are: the fact that the sample is of convenience and small size and the literacy scale used does not involve numeracy knowledge. Conclusion: For each extra day of adherence to non-pharmacological therapy, the probability of having adequate health literacy increases by 4.6%, regardless of socioeconomic index.