Homossexualidade e Comportamentos Suicidários

Abstract

As minorias sexuais têm elevadas taxas de comportamentos suicidários, sendo consideradas populações em risco relativamente à suicidalidade. Com esta revisão da literatura pretendeu-se explorar os fatores de risco e protetores relativos a comportamentos suicidários em indivíduos homossexuais, abordar as medidas preventivas de comportamentos suicidários em homossexuais e a existência de instituições de apoio a estas populações. Para a obtenção de bibliografia pertinente, procedeu-se a uma pesquisa de estudos e investigações realizadas de 2006 a 2016, em bases de dados clínicas e científicas. Existem várias teorias e modelos que tentam explicar a maior ocorrência de comportamentos suicidários em LGB: a MSTM, a IPT, a Teoria da Sindemia, o CM e o Modelo Compensatório de Risco e Resiliência. A MSTM parece ser a teoria que melhor explica a razão de existirem elevadas taxas de comportamentos suicidários em LGB, contudo, as várias teorias existentes relacionam-se e complementam-se. Pertencer a uma minoria sexual, por si só, não explica o elevado risco de comportamentos suicidários em indivíduos LGB. Existem vários fatores que colocam os indivíduos homossexuais em maior risco de comportamentos suicidários: demográficos (idade - adolescentes e adultos jovens -, género masculino, bissexuais ou indivíduos com duvidas acerca da sua orientação sexual, etnia e residir em meio urbano ou suburbano); perturbações psiquiátricas (depressão, ansiedade, uso de drogas, alcoolismo, personalidade [neuroticismo, PP antissocial, PP Borderline] e comportamentos autolesivos); homofobia e heterossexismo (discriminação, estigma, violência e preconceito baseados na orientação sexual, ambiente escolar desfavorável e falta de apoio social); rejeição familiar; homofobia internalizada, conflitos no coming out e “problemas amorosos”. Nenhum fator de risco isolado é capaz de explicar as elevadas taxas de comportamentos suicidários em LGB. A ocorrência de comportamentos suicidários nas minorias sexuais tem origem principal na discriminação. Os fatores protetores de comportamentos suicidários em homossexuais são: bom ambiente, apoio e segurança na escola; aceitação por parte da família e cuidadores; apoio social; boas estratégias de adaptação; personalidade com alto grau de agradabilidade e extroversão e reações positivas ao coming out. A prevenção de comportamentos suicidários pode ser feita a vários níveis: família, escolas, saúde e políticas públicas e ainda há muito que se deve fazer. Devem implementar-se temáticas que abordem as problemáticas dos homossexuais na formação de profissionais de saúde e estes profissionais devem ser sensibilizados acerca das particularidades dos homossexuais. As organizações e projetos de apoio a LGB a nível internacional com maior destaque são The Trevor Project e It Gets Better. Existem organizações e grupos de apoio a LGB em Portugal, das quais são exemplos ILGA Portugal, OPUS Gay, rede ex aequo, AMPLOS e Projeto Tudo Vai Melhorar™. Como a investigação acerca de comportamentos suicidários na população homossexual tem limitações e lacunas, são necessários mais estudos para corrigir todas essas falhas.

Sexual minorities have high rates of suicidal behaviour and are considered populations at risk for suicidality. The aims of this literature review were to explore the risk and protective factors related to suicidal behaviour in homosexual individuals, to describe the preventive measures of suicidal behaviour in homosexuals and the existence of institutions to support these populations. To obtain pertinent literature, we proceeded to a search of articles since 2006 to 2016, in clinical and scientific databases. There are several theories and models that try to explain the greater occurrence of suicidal behaviour in LGB: MSTM, IPT, Sindemic Theory, CM and the Compensatory Model of Risk and Resilience. The MSTM seems to be the theory that best explains why there are high rates of suicidal behaviour in LGB, however, the various theories complement each other. Belonging to a sexual minority does not explain the high risk of suicidal behaviour in LGB. There are several factors that put LGB at greater risk for suicidal behaviour: demographics (age - adolescents and young adults -, males, bisexuals or individuals that question their sexual orientation, ethnicity, and living in urban or suburban areas); psychiatric disorders (depression, anxiety, drug use, alcoholism, personality [neuroticism, anti-social PP, Borderline PP] and self-injurious behaviours); homophobia and heterosexism (discrimination, stigma, violence and prejudice based on sexual orientation, unfavourable school environment and lack of social support and family rejection); internalized homophobia, conflicts in coming out and relationship problems. No single risk factor can explain the high rates of suicidal behaviour in LGB. The occurrence of suicidal behaviour in sexual minorities has a major origin in discrimination. Protective factors include: good environment, support and safety in school; family and caregivers acceptance; social support; coping strategies; personality with a high degree of pleasantness and extroversion and positive reactions to coming out. Prevention of suicidal behaviour can be done at numerous levels: family, schools, health and public policies. Thematic issues that explain the problems of homosexuals should be implemented in the training of health professionals, and the particularities of homosexuals should be explained to these professionals. The most prominent international associations and projects to support LGB are The Trevor Project and It Gets Better. There are LGB organizations and support groups in Portugal, such as ILGA Portugal, OPUS Gay, rede ex aequo, AMPLOS and Projeto Tudo Vai Melhorar™. As research on suicidal behaviour in the homosexual population has limitations, further studies are needed to correct all such failures.