Evolução Ponderal na Gravidez

Abstract

Introdução: A variação do peso na gravidez, relaciona-se com vários fatores e, se de forma inadequada, esta pode ter efeitos negativos para a grávida e para o feto. A obesidade em idade reprodutiva tem vindo a aumentar nos últimos anos, uma vigilância cuidada faz parte de uma das principais formas de prevenir o aparecimento de complicações associadas. Objectivo: Traçar os perfis de peso das mulheres grávidas, num agrupamento de centros de saúde, determinando a prevalência de grávidas obesas, com excesso de peso (EP), normopeso ou baixo peso, antes da conceção e no final da gestação. Outro objectivo deste trabalho foi descrever as principais complicações em cada grupo e ao mesmo tempo avaliar a associação entre ganho ponderal gestacional e retenção de peso. Por fim, estimar possíveis relações entre o IMC prévio da grávida e: o ganho ponderal na gravidez, o peso do recém-nascido e o tipo de parto.Métodos: Estudo de coorte retrospetivo, observacional e longitudinal que decorreu usando uma amostra, de conveniência. A população em estudo incluiu mulheres grávidas inscritas no ACeS Dão-Lafões cujo parto ocorreu entre junho de 2016 e junho de 2017. Os dados foram recolhidos entre dezembro de 2017 e março de 2018 através de registos informáticos (programas SClínico® e SAPE®) e, através da realização de entrevistas telefónicos. As variáveis estudadas foram paridade, tipo de parto, IMC prévio à gravidez, aumento ponderal, complicações, peso do recém-nascido. Para análise estatística utilizou-se o programa SPSS 24.0®, considerando a significância estatística para valores de p<0,05. Resultados: Foram incluídas 93 mulheres, das quais, 80,6% (n=75) tiveram parto vaginal e 19,4%(n=18) tiveram cesariana. Das estudadas 69,6% eram multíparas. No início da gravidez, maioria das grávidas (n=56) apresentavam IMC preconcecional normal, mas 22,6% (n=21) apresentavam excesso de peso, 11,8% (n=11) obesidade e apenas cinco tinham baixo peso. Na gravidez, 26,9% das mulheres aumentaram de peso mais do que o recomendado e 30,1% abaixo do recomendado. Comparando dois grupos, abaixo e acima do IMC=25, verificou-se que as grávidas com IMC igual ou superior a 25 aumentaram mais de peso “acima do recomendado”, diferença no limiar da significância estatística (p=0,061). Demonstrou-se que as grávidas com IMC inicial inferior a 25 conseguiram, em maior número, perder algum do peso adquirido no decorrer da gravidez (p=0,048). Verificou-se que as grávidas que obtiveram aconselhamento em relação ao peso tiveram em maior número um aumento adequado de peso ao longo da gravidez (p=0,047). Discussão e conclusão: Assim, verificou-se a importância da implementação de medidas preventivas de forma a corrigir esta condição, tal como, investir na educação para a saúde, nomeadamente, nas consultas de preconceção e, no aconselhamento de ganho ponderal adequado durante a gravidez e da diminuição da retenção de peso pós-parto.

Introduction: The variation of weight during pregnancy is a multifactorial co-relation that, when inadequate, can produce negative effects for the fetus and the mother. Obesity at reproductive age has been increasing over the past few years, a close surveillance is one of the main ways to prevent the onset of associated complications. Objectives: Describe the weight profiles of pregnant women within a group of health care institutions and determining the prevalence of obese, overweight, normal weight, or underweight pregnant women before conception and during the last phase of gestation. Another objective of this study was to describe the main complications in each group and at the same time to evaluate the association between gestational weight gain and postpartum weight retention. Finally, to estimate possible associations between the previous BMI of the pregnant woman and: the weight gain during pregnancy, the weight of the newborn and the type of delivery.Methods: Retrospective, observational and longitudinal cohort study that was performed using a convenience sample. The population in study consisted in pregnant women enrolled in ACeS Dão-Lafões whose delivery occurred between June 2016 and June 2017. Data were collected between December 2017 and March 2018 from computer records (SClínico® and SAPE® applications) and telephone interviews. The variables studied were parity, type of delivery, BMI prior to pregnancy, weight gain during pregnancy, complications, newborn weight. For statistical analysis, the SPSS 24.0® application was used, considering the statistical significance for values of p <0.05.Results: A total of 93 women were included in the study, of which 80.6% (n = 75) had vaginal delivery and 19.4% (n = 18) had a cesarean section. Of those studied, 69.6% were multiparous. At the beginning of the pregnancy, most of the pregnant women (n = 56) had normal preconception BMI, but 22.6% (n = 21) were overweight, 11.8% (n = 11) were obese and only five were underweight. During pregnancy, 26.9% of women gained more weight than recommended and 30.1% less than recommended. Comparing two groups, below and above the BMI = 25, it was verified that pregnant women with BMI greater than or equal to 25 increased more than the "recommended" weight, difference in the threshold of statistical significance (p = 0.061). The study showed that pregnant women with an initial BMI of less than 25 were able to lose more of their acquired weight during pregnancy (p = 0.048). It also showed that pregnant women who received weight counseling were more able to obtain adequate weight gain during pregnancy (p = 0.047).Discussion and conclusion: In conclusion, the study showed the importance of implementing preventive measures in order to correct this condition, such as investing in health education, namely in preconception doctor appointments and in counseling for adequate weight gain during pregnancy and decrease in postpartum weight retention.