Qualidade de vida em doentes submetidos a transplante renal

Abstract

Introdução: A transplantação renal é atualmente a terapêutica de eleição da doença renal crónica terminal. Apesar de não estar extensamente estudada, a melhoria da qualidade de vida é um dos parâmetros pretendidos com esta terapêutica. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade de vida em doentes submetidos a transplante renal e relacioná-la com aspetos sociodemográficos. Avaliar a relação da qualidade de vida com variáveis sociodemográficas poderá ser útil na criação de estratégias que visem melhorar o impacto do transplante renal na vida do doente.Materiais e métodos: O estudo englobou 102 doentes submetidos a transplante renal no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Foi realizado um estudo descritivo e transversal através da consulta de processos clínicos e da análise de inquéritos preenchidos na consulta de seguimento após o transplante renal, entre os meses de julho e outubro de 2016. Foram utilizados os questionários “Short-form 36 Versão 2 (SF-36)”1 e “International Prostate Symptom Score (IPSS)”2, tendo este último sido aplicado apenas aos doentes do sexo masculino.Resultados: No questionário SF-36, os resultados obtidos foram os seguintes: função física 69.0 (±26.6), desempenho físico 59.2 (±32.1), função emocional 64.8 (±23.3), desempenho emocional 64.1 (±31.3), vitalidade 57.8 (±21.7), função social 71.5 (±26.9) e dor 69.2 (± 26.1). Mais de 90 % (90.4%) dos inquiridos referiu sentir-se “melhor” ou “muito melhor” depois do transplante. No questionário IPSS, os sintomas urinários na população masculina foram “leves” em 50%, “moderados” em 37.9% e “severos” em 12.1%.Conclusão: O maior nível de habilitações literárias e a menor distância ao Centro de transplantação estão associados a maior qualidade de vida nos doentes transplantados da população em estudo.

Introduction: Nowadays, kidney transplantation is the therapy of choice for patients with end-stage renal disease. Improving quality of life is one of the main goals of successful kidney transplantation, although little is known about this subject. The aim of this work is to evaluate the quality of life in kidney transplant recipients and relate it with sociodemographic variables. Evaluating this relation could be helpful to develop strategies in order to improve the impact of kidney transplantation in patients’ lives. Materials and methods: The study included 102 patients who underwent transplantation surgery in Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). A cross-sectional study has been performed, including analysis of clinical data and questionnaires filled between July and October of 2016 in post-renal transplantation’s follow-up appointments. The survey “Short-form 36 Version 2(SF-36)”1 was used for both male and female patients as the “International Prostate Symptom Score (IPSS)”2 was used for male patients only.Results: In SF-36 the following results were obtained: physical functioning 69.0 (±26.6), role limitations due to physical health 59.2 (±32.1), emotional functioning 64.8 (±23.3), role limitations due to emotional problems 64.1 (±31.3), vitality 57.8 (±21.7) social functioning 71.5 (±26.9) and pain 69.2 (± 26.1). Over 90 % (90.4%) of respondents referred feeling “better” or “much better” after transplantation. In IPSS, lower urinary tract symptoms (LUTS) were “mild” in 50% of male population, “moderate” in 37.9% and “severe” in 12.1%.Conclusion: Higher academic qualifications and a shorter distance to the transplantation center were associated with greater quality of life in renal-transplant recipients in this study population.